A ação, pacífica, foi mobilizada através das redes sociais para assinalar o Dia Mundial do Consumidor e decorreu em frente às sete autarquias que integram à AdAM.
Na capital do Alto Minho o protesto começou cerca das 10:00, no Passeio das Mordomas da Romaria, mesmo em frente ao edifício camarário, e terminou cerca de uma hora depois, sempre acompanhado pela PSP.
Ouviram-se palavras de ordem como "Água sim, abuso não", "Juntos venceremos", "Não às Águas do Alto Minho" e "José Maria é um aldrabão".
Mário Sousa, organizador do protesto, já reclamou quatro vezes, entre outras situações, por erros de faturação e por pagar.
Residente em Santa Marta de Portuzelo, Mário Sousa reclamou "a reversão da AdAM" e queixou-se por os "munícipes não terem sido ouvidos".
"Não queremos água privada. Queremos água municipal (...). A criação desta empresa foi um logro (...). Esta luta não vai parar por aqui. Nós queremos a reversão (...). Se a Câmara é dos munícipes porque é que não nos protege? (...) Devia ser feita sindicância às contas (...). Todos nós perdemos a boa-fé na empresa, nós não queríamos a empresa, mas mais se acentua com esses sucessivos erros", disse Mário Sousa.
Além das palavras de ordem, os manifestantes desafiaram o presidente da Câmara a falar com os munícipes.
"Acho que, em favor dos munícipes, deviam dar a cara, deviam falar com a população que está revoltada", afirmou o cliente da AdAM e organizador da iniciativa.
Em declarações aos jornalistas, no interior do edifício camarário, o presidente da Câmara de Viana do Castelo reconheceu os erros cometidos pela empresa.
"Estamos a passar por uma dificuldade. Temos de reconhecer. Temos de pedir desculpa às pessoas por aquilo que não correu bem, mas entendemos que este projeto vale a pena. Por isso estamos a fazer um esforço maior para que se corrijam rapidamente", disse José Maria Costa.
O autarca socialista adiantou que "desde que os sete autarcas que integram a empresa "derem um murro na mesa, registaram-se "melhorias sensíveis", apontando, como exemplo, o aumento dos postos de atendimento, os protocolos com os CTT e outras entidades para fazerem as cobranças, o aumento de recursos para acolherem as reclamações e darem resposta, em tempo útil, às pessoas".
"Vai também hoje ser anunciado que a AdAM vai ser empresa aderente do CIAB - Tribunal Arbitral de Consumo para que as possam reclamar junto de entidades que possam servir de mediadores", sublinhou José Maria Costa.
Questionado sobre as iniciativas de alguns partidos que reclamam a reversão da empresa e a devolução dos serviços à gestão municipal, admitiu que, "num ano atípico e quando alguma coisa não corre bem como gostaríamos, haja sempre a tendência de algum aproveitamento político".
Contactada pela Lusa, fonte da GNR de Viana do Castelo apenas avançou dados das ações realizadas em Monção e Valença, onde estiveram presentes cerca de 20 pessoas, em cada um dos concelhos.
Segundo informação de outras fontes à Lusa, na manifestação em Ponte de Lima participaram cerca de uma centena de pessoas, em Caminha participaram cerca de 30 e em Vila Nova de Cerveira cerca de dezena e meia.
Fonte autárquica de Arcos de Valdevez disse que o protesto mobilizou cerca de meia centena de pessoas e, em Paredes de Coura, fonte municipal disse "não ter ocorrido nenhuma ação".
A AdAM é detida em 51% pela Águas de Portugal (AdP) e em 49% pelos municípios de Arcos de Valdevez (PSD), Caminha (PS), Paredes de Coura (PS), Ponte de Lima (CDS-PP), Valença (PSD), Viana do Castelo (PS) e Vila Nova de Cerveira (Movimento independente PenCe - Pensar Cerveira), que compõem a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho.
Três concelhos do distrito - Ponte da Barca (PSD), Monção (PSD) e Melgaço (PS) - reprovaram a constituição daquela parceria.