Bastonários dizem que escolas já deviam ter fechado
Os bastonários das ordens dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, e dos Médicos, Miguel Guimarães, lamentaram que só hoje o Governo tenha decidido encerrar as escolas, considerando que é uma decisão tardia.
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País Covid-19
Ouvidos por videoconferência numa audição conjunta na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença covid-19 e do processo de recuperação económica e social, os bastonários defenderam que as escolas já deviam ter encerrado mais cedo.
Em resposta a questões levantadas pelos deputados, Ana Rita Cavaco afirmou que "a nova variante [do Reino Unido] é determinante para o combate à pandemia, mas não era determinante para a decisão do encerramento das escolas".
"Nós não sabíamos em 87% dos casos onde é que ocorrem os contágios para tomarmos essa decisão, nem é determinante para combater a teimosia do senhor primeiro-ministro, porque isto efetivamente custa vidas aos portugueses e nós devíamos ter arranjado uma estratégia diferente de confinamento e não podemos querer agora, para desculpar essa teimosia, escudarmo-nos com a nova variante", salientou a bastonária da Ordem dos Enfermeiros.
Também para Miguel Guimarães esta decisão é tardia: "A cada dia que passa com as escolas abertas maior é transmissibilidade da infeção e há vários estudos que comprovam exatamente isto".
Segundo o bastonário, "o nível de jovens estudantes infetados, sobretudo a partir dos 12 anos, é neste momento muito elevado o que significa que eles podem se infetar na escola, mas depois trazem a infeção para casa e a seguir infetam os pais e os avós".
Portanto, alertou, "isto nunca mais termina e depois há um descontrolo total de infeção que, é aliás, o que está a acontecer. Portanto, fechar as escolas é uma boa medida, já devia ter acontecido há mais tempo".
Sobre as escolas encerrarem durante 15 dias e não haver ensino à distância, o bastonário da OM disse que é uma matéria sobre a qual se vai ter de debruçar em breve.
"O confinamento geral é provavelmente a medida que tem mais impacto naquilo que é a diminuição da transmissibilidade da infeção, mas temos que juntar ao confinamento geral, saúde pública, inquéritos epidemiológicos e testes massivos de vários grupos", sublinhou.
Para Miguel Guimarães, estas são duas "medidas fundamentais" para rastrear as pessoas infetadas, para as isolar e diminuir a transmissibilidade da infeção, mas, lamentou "não está a ser feito. Aliás, há um descontrolo grande naquilo que é a identificação das cadeias de transmissão".
Relativamente àquilo que pode ser feito para aliviar a pressão do SNS, defendeu que é usar "os vários recursos" na saúde que há no país.
"Neste momento, a saúde e a vida está acima da economia. Nós sabemos que a economia também pode ter impacto na vida das pessoas, é verdade, mas se nós não resolvemos o problema da saúde, nunca mais conseguimos recuperar a economia", vincou.
"As meias medidas não servem à saúde nem servem a economia, e, portanto, nós temos que neste momento ter de facto uma posição muito firme naquilo que são as medidas restritivas", advogou.
A covid-19 já matou em Portugal 9.686 pessoas dos 595.149 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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