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"Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para evitar esta situação"

António Costa foi entrevistado no 'Jornal das 8' da TVI. Medidas de confinamento, escolas abertas e impacto da pandemia na Economia foram temas em cima da mesa.

"Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para evitar esta situação"
Notícias ao Minuto

20:56 - 14/01/21 por Notícias Ao Minuto

País Covid-19

Um dia depois de ter revelado as novas medidas para combate à pandemia da Covid-19 e de ter indicado que a regra para todos é "ficar em casa", António Costa deu uma entrevista ao 'Jornal das 8' da TVI. O primeiro-ministro começou por ser confrontado com o facto de, à semelhança de Marcelo, sempre ter referido que o país não poderia voltar a fechar e que, a partir da meia-noite, é isso mesmo que vai ocorrer: "Acho que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, coletivamente, o país, para evitar esta situação".

"Quando vários países tiveram confinamentos logo em setembro e outubro nós conseguimos resistir, conseguimos durante muitas semanas controlar aquela segunda onda através dos confinamentos, sobretudo ao fim de semana, e tivemos agora uma situação que, essencialmente, começou entre a semana do Natal e do Ano Novo, onde a subida tem sido muito forte", apontou.

Para o chefe de Governo, "o ambiente geral, hoje, é de menor receio do que aquele que tínhamos no início da pandemia". "Isso seguramente determinou muitos dos comportamentos".

Questionado sobre se o 'responsável' por agora irmos confinar é o relaxamento de medidas que houve no Natal, António Costa respondeu que "o facto de não termos tido medidas mais restritivas, seguramente, fizeram com que as pessoas tivessem comportamentos menos restritivos". "É difícil voltar atrás, mas o princípio fundamental, com grande consenso na sociedade portuguesa, nessa altura, foi que devíamos combinar sempre a responsabilidade individual com a solidariedade coletiva. O que é que nós não fizemos que outros países tivessem feito? Houve países que disseram que não podiam estar mais de cinco pessoas à mesa". Isso, em Portugal, "seria risível", era "inútil".

Mas foram os portugueses ou o Governo que falhou? "É mais prático dizer que foi o Governo, que fui eu, e ficamos com o caso arrumado. Não resolve o problema. O essencial não é isso. Coletivamente não agimos e há outros fatores, nomeadamente a onda de frio", respondeu o primeiro-ministro. O governante deu ainda o seu exemplo, recordando que teve "a infelicidade de passar sozinho a noite da Consoada porque estava em confinamento".

"Não temos o menor julgamento coletivo a fazer. Há uma coisa que sabemos todos ao fim destes meses que é que vivemos aqui no fio da navalha: sempre que aligeiramos as medidas isso faz aumentar a pandemia, sempre que restringimos as medidas isso atinge duramente a Economia. E nós temos sempre de privilegiar o que é fundamental que é a situação sanitária e, por isso, neste momento, não podemos hesitar e temos mesmo de ficar em casa", acrescentou.

Medidas para combater a Covid-19

Já sobre a questão do porquê de termos esperado tanto tempo para a aplicação de novas medidas, António Costa ironizou que "as pessoas têm memória curta". "Ainda há uma semana vi o PSD a dizer que era necessário alargar o período de funcionamento dos restaurantes das 13h para as 15h30. Isto foi a semana passada", defendeu-se.

Para o chefe do Governo é preciso não esquecer que o Executivo "definiu uma metodologia" que tem de ser cumprida "para que a vida das pessoas seja relativamente previsível". "Se a reunião no Infarmed não tem sido esta semana mas sim na semana passada, não tínhamos justificação para adotar as medidas que agora adotámos", explicou."Houve uma opção que nós fizemos- e acho que bem - que foi ir tomando as medidas em função da melhor avaliação científica disponível. Nem sempre é possível contar. Por exemplo, o tema das escolas. No Infarmed houve uma confrontação bastante viva entre cientistas com pontos de vista radicalmente diversos sobre se devíamos ou não encerrar as escolas. Nem sempre podemos dispor dessa informação científica, mas sempre que podemos é melhor".

E advogou: "O mood varia muito. E é muito fácil para quem não está ao volante dar palpites. É que há 15 dias a discussão não era porque é que não fecham já... era porque é que não abrem mais".

Em que momento poderemos levantar o confinamento?

Na entrevista à TVI, o primeiro-ministro foi também questionado sobre se há uma meta a partir da qual poderemos levantar o confinamento. Costa respondeu que "nunca fixámos essa fasquia" e que "essa fasquia tem de ser evolutiva" até porque a "capacidade do SNS tem vindo a poder aumentar" e a capacidade da sociedade reagir "é completamente diversa".

"Há uma coisa que sabemos: temos de quebrar radicalmente esta curva que está em crescimento exponencial, temos de atingir rapidamente o pico, fazê-lo descer, e fazê-lo descer para valores seguros", disse, recordando que daqui a 15 dias as medidas têm de ser reavaliadas. Mas "seria muito imprudente criar a ilusão aos portugueses que em menos de um mês podemos voltar ao ponto em que estávamos antes destas medidas. Na minha previsão, diria que seguramente um mês vamos precisar de estar neste regime".

O objetivo, sem nunca fixar uma "baliza quantitativa", é "reduzir significativamente o número novos casos, de novos internados, de mortos". Sobre a pandemia, "sabemos que não dura a eternidade", mas "não sabemos se dura até junho, até setembro, até novembro... temos que ir modelando estas medidas".

Por que não medidas mais apertadas?

"Não há nenhum estabelecimento que vá estar aberto e que tenha estado fechado no confinamento de março e abril, salvo os dentistas", asseverou o primeiro-ministro. Contudo, a grande diferença são as escolas: "E as escolas porquê? Porque não havendo um consenso científico, há apesar de tudo, um entendimento que até aos 12 anos o risco é diminuto. Sabemos que a escola tem sido um lugar seguro [...] e sabemos que a interrupção do ensino presencial teve um custo imenso no processo de aprendizagem".

Costa argumentou também que "não podemos destruir uma geração e afetá-la dois anos letivos consecutivos no seu processo de aprendizagem". O "balancear" aqui é fundamental. "A perda de um processo de aprendizagem não tem recuperação"."A faixa etária que tem sido a tração do crescimento [da pandemia] é a entre os 20 e os 29. Todas as ondas de crescimento ocorreram não durante o decurso das atividades letivas mas pelo contrário, no período das férias", afirmou ainda.

Reiterando que nunca terá "vergonha em recuar", o chefe do Governo sublinhou que "não fica tudo sem trabalhar", sendo que no teletrabalho está "uma chave que é absolutamente fundamental". "Acho que isso foi um dos grandes problemas que nós tivemos nos últimos meses. Foi, de facto, uma redução muito acentuada das pessoas que deviam estar em teletrabalho e estiveram em trabalho presencial. Agora têm de cumprir".

O primeiro-ministro apontou ainda ser "altamente injusto dizer que as escolas não se prepararam", uma vez que "durante todo o verão estas fizeram um trabalho extraordinário para se organizarem para abrir para o ensino presencial". "Não é obra do acaso que o ensino tenha decorrido presencialmente com tão poucos casos".

Testagem e vacinação contra a Covid-19

Questionado se nunca equacionou que professores e funcionários de escolas fossem prioritários para a vacinação, António Costa recordou que "temos uma comissão técnica que define quais os critérios de priorização da vacinação". "Não me vou substituir ao técnicos para dizer quem deve ser prioritário".

Já as testagens têm sido "feitas de acordo com um conjunto de critérios que têm vindo a ser afinados de forma a poderem ser úteis". "Não devemos andar a seguir as modas, mas sim os critérios técnicos que são definidos", defendeu, salientando que "entre os ministérios da Saúde e da Educação estão a ser definidos qual é o critério da priorização da realização dos testes antigénio" que mais rápido permitem perceber os casos positivos.

E a Economia?

E o que podemos esperar depois de conseguirmos achatar a curva? "Já estamos a viver há largos meses uma crise económica profundíssima e sem paralelo. E tem sido à escala global", começou por relembrar Costa, afirmando que "não temos muitas portas de saída". "Felizmente", disse ainda, "as empresas portuguesas têm mostrado muito maior resiliência do que se temia no início da crise".

"Vamos duplicar os apoios de forma a auxiliar as empresas que agora temos de encerrar, e a ministra da Cultura [Graça Fonseca] já apresentou um programa superior a 42 milhões de euros para apoiar diversas situações no seu setor - um dos mais duramente atingidos. Estamos perante uma crise muito dura, em relação à qual tem havido felizmente maior resiliência" do que o esperado, reforçou.

Recorde aqui as medidas de apoio apresentadas pelos ministros da Economia e da Cultura

"Todo o esforço tem de continuar a concentrar-se naquele triplo objetivo: proteger o rendimento, o emprego e as empresas", uma vez que "a raiz desta crise não está na Economia", mas sim "na Saúde". A pandemia "vai ter um impacto muito grande na economia e no emprego. Antes de 2022 não regressaremos ao ponto em que estávamos em 2019, o que significa três anos perdidos", lamentou.

Neste ponto, o primeiro-ministro salientou também que "um dos grandes objetivos da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia é conseguir pôr neste semestre a famosa bazuca a disparar, ou seja, o dinheiro a chegar efetivamente aos diferentes Estados-membros".

António Costa advogou que a emissão de dívida a dez anos feita por Portugal na quarta-feira teve taxa negativa, "o que significa que, fruto da solidariedade europeia e da boa gestão orçamental" os "mercados olham para o país de uma forma muito diferente do que na crise anterior".

Como se fiscalizam as pessoas?

Sobre a questão da fiscalização do cumprimento das regras, Costa referiu que "a polícia, em regra, tem bom olho para saber quem está a aldrabar e quem está de boa fé." Temos é "de nos concentrar" nas regras: "O que as pessoas têm de mais uma vez assimilar é que têm de estar em casa. Essa é a regra."

"A exceção de sair de casa para ir trabalhar não é a exceção que depois permite, para além de vir trabalhar, andar por aí a veranear. Não pode. Essa é a realidade. Infelizmente, tive a experiência de estar 14 dias fechado e percebo bem a dureza disto", acrescentou.

Ministério reunido com grupos de saúde privados em Lisboa

António Costa revelou ainda que o ministério da Saúde esteve esta tarde reunido com "os três grandes grupos privados da cidade de Lisboa". "Em Lisboa, houve um grupo, a CUF, que disponibilizou de imediato 20 camas. Os outros dois grupos privados, infelizmente, não tiveram condições para disponibilizar ainda camas. Não vale a pena estarmos neste jogo. Temos de equilibrar isto"."Não há aqui bloqueios ideológicos nem má vontade de uns ou de outros", garantiu.

"Não tem sido por falta de acordo ou de vontade que tem havido ou não" colaboração com os privados.

Em relação à vacinação, o primeiro-ministro defendeu que o processo "tem estado a decorrer com grande tranquilidade e normalidade". Confrontado com a tese de que é necessário acelerar o processo de vacinação, o líder do executivo deixou a seguinte pergunta: "Acelerar o processo como, se não há mais vacinas?" "Todas as vacinas que chegam têm vindo a ser imediatamente distribuídas e imediatamente aplicadas. Não temos vacinas por aplicar. As vacinas que estão por aplicar são as que nós temos de manter de reserva para a segunda dose", justificou.

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[Última atualização às 22h39]

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