Morte no SEF. Foi dito a viúva que marido tinha morrido à porta do avião
Família do cidadão ucraniano, que morreu nas instalações do SEF no aeroporto de Lisboa, pede indeminização ao Estado de um milhão de euros.
© Global Imagens
País SEF
Oksana Homeniuk, mulher de Ihor Homeniuk - o cidadão ucraniano que morreu nas no Centro de Instalação Temporária, no aeroporto de Lisboa - contou, pela primeira vez, como soube que o marido tinha morrido em Portugal.
Numa entrevista à RTP, a ucraniana, professora e mãe dois filhos, explicou que a notícia de que o marido tinha morrido foi dada pelo cônsul da Ucrânia em Portugal, no dia 13 de março, três dias depois de Ihor ter chegado ao país.
"[O cônsul] contou-me que não foi permitida a entrada do meu marido em Portugal e que, quando ele ia ser deportado para a Ucrânia, sentiu-se mal ao pé do avião. Foram chamados os médicos e, quando chegaram, já não o conseguiram reanimar, já estava em paragem cardiorespiratória. Ele morreu nas mãos dos médicos", detalhou a mulher, que vive em Novoiavorvsk, uma pequena cidade no oeste da Ucrânia.
De acordo com Oksana, Ihor veio a Portugal para se encontrar com um conhecido para "saber informações de como encontrar um trabalho". O combinado, recordou a viúva, era que ficaria dois ou três dias no país e que e depois regressaria à Ucrânia.
Ihor tinha-lhe dito que ligaria quando chegasse a Lisboa, mas nunca chegou a receber a chamada. A primeira informação que Oksana teve sobre o marido foi de um amigo de Ihor, que o ia receber ao aeroporto, que lhe disse que este tinha ficado detido no SEF e que ia ser deportado.
Sublinhando que ninguém lhe contou que o marido tinha morrido nas instalações do SEF, Oksana explicou também que soube da "verdadeira forma" como Ihor tinha morrido através do Facebook e que, de seguida, ligou para o cônsul, que disse que ia verificar a veracidade da informação.
Garantindo que nunca foi contactada pelo Governo português ou por qualquer representante do nosso país, a viúva teve ainda que juntar as suas poupanças e pedir ajuda aos amigos para realizar a transladação do corpo do marido e o funeral. Indignada, Oksana e a família querem uma indeminização do Estado português de um milhão.
"Eu queria ir a Portugal para olhar nos olhos as pessoas que fizeram isto e estar onde Ihor morreu", afirmou, acrescentando que se tiver dinheiro para a viagem virá a Portugal no final do julgamento dos acusados pelo homicídio do marido.
Em 30 de setembro, o Ministério Público acusou três inspetores do SEF do homicídio qualificado de Ihor Homenyuk. Segundo o Ministério Público, as agressões cometidas pelos inspetores do SEF, que agiram em comunhão de esforços e intentos, provocaram a Ihor Homenyuk "diversas lesões traumáticas que foram causa direta" da sua morte. O caso da morte de Ihor Homenyuk já levou à demissão do diretor e do subdiretor de Fronteiras do aeroporto de Lisboa pela diretora do SEF, Cristina Gatões.
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