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UL prolonga inscrições em Línguas Eslavas com frequência gratuita

A Universidade de Lisboa prolongou até ao final do mês as inscrições para os cursos de Línguas Eslavas, de frequência gratuita, onde os alunos têm contacto com a cultura da Rússia, Bulgária, Polónia, Eslovénia, República Checa e Croácia.

UL prolonga inscrições em Línguas Eslavas com frequência gratuita

No ano letivo transato, estas aulas foram frequentadas por cerca de 200 alunos com as mais variadas motivações, havendo sempre casos de namoro e de "casais mistos" em que um procura aprender a língua e cultura do outro, disse à agência Lusa o diretor do Centro de Cultura e Línguas Eslavas da Faculdade de Letras, Gueorgui Nenov Hristovsky.

Há também quem vá pelo fascínio de uma cultura diferente, pela curiosidade de um alfabeto distinto (cirílico), porque já visitou o país e gostava de aprofundar o conhecimento sobre a região, por motivação profissional ou porque tenciona fazer Erasmus num destes países onde por vezes é mais fácil conseguir bolsa.

Com a entrada da Bulgária na União Europeia, em 2007, o cirílico tornou-se o terceiro alfabeto oficial da UE, além do latino e do grego.

"Há casos de fascínio por estudar estas línguas que não estudaram na escola. Também temos pessoas que já estão reformadas e querem manter a cabeça ativa", contou à Lusa o responsável, revelando: "Já encontrei pessoas que colecionam línguas, fizeram várias línguas".

As inscrições deveriam ter terminado a 09 de outubro, mas este ano os processos estão "muito atrasados", pelo que foi decido prorrogar o prazo. Os dados ainda não estão fechados, mas é já possível notar "uma pequena quebra de alunos", devido à pandemia de covid-19, segundo o professor, de origem búlgara.

A frequência é gratuita porque "as embaixadas não querem que a cultura se pague", explicou Gueorgui Nenov Hristovsky, referindo que é apenas cobrada uma inscrição de 20 euros.

O curso completo tem a duração da generalidade das licenciaturas (3 anos), à exceção do russo que tem mais dois níveis, criados a pensar nas comunidades deste país e da Ucrânia em Portugal: "Muitos deles cresceram cá, falam a língua, mas nunca tiveram oportunidade de aprender a escrever bem. Nas aulas são lidos textos de autores russos, é diferente de estar a falar com os pais". É igualmente ensinada história e cultura, nas mais variadas vertentes.

As aulas de russo são as mais procuradas, não só porque a Rússia é "o maior país eslavo do mundo", mas por "razões históricas" e também porque na Ucrânia "uma grande parte da população é russa", disse o docente.

"O russo tem muitos falantes. Há muitos falantes russos e ucranianos cá em Portugal", sublinhou. Os alunos que sejam já fluentes na língua podem fazer apenas os últimos níveis. A comunidade ucraniana em Portugal ascendia, em 2018, a 29.218 pessoas, de acordo com estatísticas oficiais publicadas na página da embaixada, que contabiliza os cidadãos legalizados.

Os países da Europa de Leste são também muito visitados hoje em dia, o que contribui para o interesse suscitado nos últimos anos. Em sentido inverso, o maior número de turistas destes países em Portugal no ano passado, veio da Polónia (277.616), de acordo com dados do INE relativos a hóspedes em estabelecimentos turísticos. Seguiram-se os russos (186.911) e os checos (63.591).

Depois há quem se interesse por temas específicos, como guerra e religião e mesmo a gastronomia.

"São culturas muito ricas. Além de noites de poesia e tertúlias, fazíamos também encontros de música - apesar de ser difícil arranjar em Portugal músicos autóctones - e degustação de comida, petiscos e bebida, um copo de vinho ou vodka", acrescentou Nenov, lamentando que com a pandemia as atividades tenham agora de ser limitadas.

"Éramos o centro mais ativo da faculdade nestas atividades", afirmou.

A Universidade de Lisboa afirma-se como a única em Portugal a oferecer estes cursos livres semestrais, que podem ser frequentados por alunos internos (de outros cursos) e externos.

O ambiente é multicultural, com alunos e professores de várias proveniências: "Por vezes temos um polaco que vem estudar checo ou um russo que vem estudar búlgaro", referiu.

Em entrevista à Lusa, Gueorgui Nenov destacou que a maior parte da Europa fala estas línguas. "A cultura dos balcãs é muito antiga. Tem tradições muito interessantes, mesmo ao nível do folclore, da música. São países que têm muito a oferecer aos estudantes, em termos de literatura, arte, canções. Muita gente vem pela cultura", admitiu.

A Bulgária, de onde é natural, é "o terceiro país na Europa onde há mais descobertas históricas, depois da Grécia e da Itália", sustentou, recordando a cultura trácia, que no século V antes de Cristo se disseminou por várias regiões entre o norte da Grécia e o sul da Rússia.

A influência dos trácios, divididos por vários grupos e tribos, fez com que Heródoto os definisse como "o segundo povo mais numeroso do mundo conhecido e potencialmente o mais poderoso, se não fosse a sua desunião".

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