A foca-harpa que há cerca de uma semana era avistada nos Açores foi encontrada morta, esta terça-feira, na ilha do Pico, depois de ser, num primeiro momento, avistada no Faial.
Na internet são muitos os internautas açorianos a reagir à morte do animal que, durante os últimos dias, fez as delícias dos habitantes com a sua presença.
Muitos acusam as autoridades de não terem resgatado a foca-harpa, também conhecida por foca-da-Gronelândia, que está habituada a águas com temperaturas bem mais frias do que as da região. Outros referem mesmo que ninguém teve atenção ao pedido de ajuda do animal.
A foca, um macho com cerca de 180 centímetros, foi avistada pela primeira vez no dia 17 de agosto, perto do morro de Castelo Branco, na ilha do Faial. Já no dia 21, foi fotografada no Porto da Horta, na mesma ilha. No dia 23, o animal rumou à ilha do Pico. Depois de ser vista em vários locais desta ilha, a foca apareceu morta, hoje, no porto das Lajes do Pico.
À rádio M80, a bióloga marinha Susana Simião, confirmou a morte e contou que o Departamento de Oceonografia e Pescas já removeu o corpo do animal.
De acordo com esta profissional “é difícil perceber o que aconteceu”. “Sem dúvida que elas são capazes de percorrer grandes distâncias, no entanto, nunca deveriam vir tão a sul do seu limite, principalmente de verão. Ao começar a sentir a água mais quente, devia ter voltado para norte. Sem dúvida que se desorientou. Mas não sei explicar o que poderá ter acontecido”, disse Susana Simão à publicação.
Já à Lusa, o diretor regional dos Assuntos do Mar do Governo dos Açores, Filipe Porteiro, disse que "infelizmente, este é o desfecho expectável" para um animal que "não se encontra adaptado às condições ambientais existentes nos Açores" e garantiu que o mesmo foi "continuamente acompanhado, desde o seu avistamento inicial, por parte das entidades com competência na matéria, e de acordo com o aconselhamento técnico e científico de vários especialistas nacionais e internacionais de entidades de referência de investigação e conservação destes organismos"
Filipe Porteiro adiantou ainda que os especialistas vão agora "proceder à necropsia" da foca para perceber as causas da morte e, "em caso de necessidade, mais informação será tornada pública".
Recorde-se que, no dia 19 de agosto, o diretor dos Assuntos do Mar do Governo dos Açores disse que a foca não aparentava ter lesões visíveis ou debilidade motora e que não havia razões para intervir ou capturar o animal.
Apesar disso, na mesma altura, o governante garantiu que o animal ia ser monitorizado tanto pela Direção Regional dos Assuntos do Mar como por especialistas em mamíferos marinhos do Instituto Okeanos e que, “em caso de necessidade” seriam tomadas “medidas consideradas adequadas, de acordo com as melhores práticas”.
Durante vários dias foram muitos os habitantes que registaram a presença do animal nas ilhas do Faial e do Pico e que partilharam vídeos e fotos do mesmo nas redes sociais. Como pode ver abaixo:
Esta espécie, que habita no Ártico, onde constitui colónias numerosas, já tinha sido avistada na ilha do Pico, em 2002, altura em que foi encontrado morto um adulto de 170 centímetros.
Até agora, foram reportados avistamentos de sete espécies de focas nos Açores.