"Durante a ditadura havia o princípio básico de estar de costas voltadas, mas isso mudou" desde a "transição democrática dos dois países nos anos 70", disse o responsável português num jantar organizado pela Câmara do Comércio Hispano-portuguesa, com a presença da responsável pela diplomacia espanhola, Arancha González Laya.
Santos Silva sublinhou o "processo paralelo" dos dois países ibéricos desde o fim das respetivas ditaduras, que incluiu não só a transição democrática como também o processo de integração na Comunidade Económica Europeia, com a adesão feita no mesmo dia, 01 de janeiro de 1986.
"Agora estamos a investir onde a Espanha investe e em muitos casos fazemo-lo em conjunto", declarou.
O ministro realçou ainda que à "cooperação bilateral" se junta também "uma convergência de interesses", que é muito importante para os dois países, mas também para a Europa.
"Portugal e Espanha sendo países europeus não são apenas europeus. São países europeus abertos ao mundo", disse Santos Silva, referindo a importância das relações dos dois países principalmente com os de África e com os da América Latina.
Por seu lado, a ministra espanhola, nas breves palavras que proferiu, destacou os problemas que se colocam às sociedades com o aparecimento da epidemia do novo coronavírus, pedindo a "resiliência" de todos para enfrentar o problema.
"A resiliência não é construída apenas pelos governos, mas também pelas empresas" e outras entidades, disse Arancha González Laya poucos minutos depois de se ter sabido que as autoridades da região espanhola de Madrid decretaram o encerramento, a partir de quarta-feira e durante 15 dias, de todas as creches, escolas e universidades, depois do número de contágios pelo novo coronavírus ter duplicado naquela comunidade.
O jantar na Câmara do Comércio estava previsto inicialmente para dar as boas vindas ao novo embaixador de Portugal em Madrid, João Mira-Gomes, e foi marcado numa altura em que não se previa ainda a visita de Santos Silva a Madrid.
Durante o dia, o ministro dos Negócios Estrangeiros teve reuniões de trabalho com a vice-presidente do Governo socialista espanhol, Carmen Calvo, assim como com a sua homóloga.
A meio do dia já tinham anunciado a realização da cimeira anual entre Portugal e Espanha na Guarda no verão para debater a estratégia de desenvolvimento das regiões adjacentes da fronteira comum.