Raio X à saúde: Menores salários, maiores gastos e... (muito) peso a mais
Médicos e enfermeiros portugueses com redução de salários e aumentos dos gastos diretos das famílias em saúde são algumas das conclusões do relatório da OCDE que hoje foi divulgado. Mas há mais. Do consumo de álcool ao tabagismo, passando pela obesidade, é feito um Raio X que analisa os hábitos de vida saudáveis e não saudáveis em Portugal.
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País OCDE
Portugal surge ainda como um dos quatro países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico com maior prevalência de casos de demência entre a população, além de ser o quinto país com maior consumo de antidepressivos.
O país mantém-se ainda entre os 10 dos mais de 30 analisados em que a taxa de cesarianas é mais elevada, com 32,5% dos partos, acima dos 28% da média.
O relatório 'Health at a Glance 2019' analisa ainda os hábitos de vida saudáveis e não saudáveis, como o tabagismo e o consumo de álcool.
Bebemos menos álcool, fumamos abaixo da média, mas temos excesso de peso
Em Portugal, a média de fumadores diários maiores de 15 anos é de 16,8%, abaixo da média da OCDE, segundo o documento, que indica que as taxas de tabagismo variam de mais de 25% na Grécia, na Turquia e na Hungria, para menos de 10% no México e na Islândia.
Os homens fumam mais do que as mulheres em todos países, exceto na Islândia. Em média, em toda a OCDE, 23% de homens fumam diariamente em comparação com 14% das mulheres.
Sobre a obesidade, salienta que tem vindo a aumentar nas últimas décadas na maioria dos países da OCDE, com cerca de 56% dos adultos com excesso de peso ou obesos.
De acordo com o relatório, em Portugal 67,6% da população com mais de 15 anos tem excesso de peso, incluindo obesidade, muito acima da média da OCDE (55,6%), um problema que afeta também 31,7% das crianças portuguesas com idade entre os cinco e os nove anos, acima da média da OCDE (31,4%).
A proporção de meninos com excesso de peso excede o das meninas na maioria dos países da OCDE. Esta diferença é mais acentuada na China, na Coreia do Sul, na Polónia, na República Checa e na Eslováquia (mais de 10 pontos percentuais) e mais pequena em Portugal e no Reino Unido (menos de um ponto percentual).
Despesa das famílias com saúde sobe e há 27% com seguros privados
No capítulo da qualidade dos cuidados de saúde, o relatório traça um panorama da sobrevivência de doentes com alguns tipos de cancro, mas com dados do período 2010/2014.
A sobrevivência de doentes com cancro de mama cinco anos após o diagnóstico era em Portugal de 87,6% acima da média da OCDE de 84,5%, segundo dados de 2010 a 2014.
O relatório mostra ainda que Portugal é um dos países da OCDE com maior percentagem de doentes em cuidados continuados que contraíram pelo menos uma infeção associada aos cuidados de saúde.
O isolamento de bactérias resistentes a antibióticos em doentes de cuidados continuados em Portugal também apresenta as percentagens mais elevadas dos países analisados, com 46,2%, quase o dobro da média da OCDE (26,3%).
No capítulo do financiamento, Portugal surge como um dos países em que os gastos diretos das famílias em saúde cresceram entre 2009 e 2017. No último ano analisado, o que é pago diretamente pelo bolso dos portugueses representava já 28% das despesas nacionais em saúde.
Aumentou ainda em Portugal o número de portugueses com seguros privados. Em 2017 eram já 27% os portugueses que tinham um seguro privado de saúde, quando em 2000 não chegavam a 20%.
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