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Suspeita de tentar matar companheiro diz que ideia era suicidar-se

A mulher suspeita de tentar matar o companheiro em Porto de Mós, em janeiro, afirmou hoje ao coletivo de juízes do Tribunal de Leiria que quando pegou na arma tinha como intenção suicidar-se.

Suspeita de tentar matar companheiro diz que ideia era suicidar-se
Notícias ao Minuto

18:44 - 04/11/19 por Lusa

País Leiria

O Tribunal de Leiria começou hoje a julgar uma mulher de 43 anos, acusada de homicídio qualificado na forma tentada contra o companheiro, em Porto de Mós, no distrito de Leiria, assim como de detenção de arma proibida.

A arguida, que se encontra em prisão preventiva, explicou ao tribunal que no dia 2 de janeiro esperou que o marido saísse, com o objetivo de "pôr termo à vida".

"Quando o António [companheiro] saiu, fui ao quarto das visitas buscar a arma. Dirigi-me para a sala e quando apontei a arma à cabeça olhei para a fotografia do meu filho e pensei: não sou eu que morro, és tu", admitiu.

A mulher explicou que saiu para o quintal da casa com a arma da mão e disparou sobre o companheiro, por três vezes.

Contrariando a acusação, a arguida afirmou que ficou "assustada" e que ele lhe "começou a chamar nomes" e se dirigiu a si.

"Fugi com a arma na mão. Ele agarrou-me nas traseiras de casa. Ficámos à briga um com outro. Fugi para dentro da casa com a pistola na mão e ele entrou na sala e conseguiu tirar-me a pistola. E disse: 'quiseste matar-me, mas agora quem te mata sou eu'", relatou.

A mulher revelou ainda que o homem depois lhe apontou a arma. Nesse momento, saiu de casa para ir buscar uma pedra, que usou para lhe bater na cabeça.

A arguida admitiu que fugiu para Lisboa e que pelo caminho pediu ajuda a uma amiga.

Revelou ainda ser vítima de violência doméstica, referindo que nunca denunciou o companheiro nem saiu de casa, porque o mesmo a ameaçava de ficar sem o filho. "Tu podes ir, mas o filho fica comigo", disse a arguida ao recordar as palavras do companheiro.

No decorrer no seu testemunho, algo emocionado, a arguida afirmou estar "arrependida".

"Não foi minha intenção fazer mal. Ele é o pai do meu filho", sublinhou, ao afirmar que lhe pediu desculpa e "ele aceitou".

A vítima confirmou ao tribunal que a mulher lhe pediu desculpa, emocionando-se quando referiu este facto, sublinhando que quando falaram, cerca de quatro meses depois, os dois choraram.

O homem garantiu que não lhe apontou nenhuma arma, nem nunca a ameaçou. Refutando ainda as afirmações de que tinha impedido a saída da mulher, a vítima referiu que foi a arguida que lhe "barrou a saída".

"Eu acho que ela disparou, porque eu lhe disse que ia ao banco e ia perceber que ela tinha limpado as contas", afirmou, explicando que não ligou para o 112 porque não encontrou o seu telemóvel nem o telefone fixo.

Segundo o despacho de acusação, no dia 2 de janeiro, pela manhã, o casal encontrava-se em casa e a dada altura o homem informou que iria ao centro de saúde de Mendiga e a seguir ao banco. A mulher disse que o acompanhava e sugeriu que este fosse abrindo o portão, enquanto ela iria buscar o carro.

"Quando o homem se dirigia ao portão, a arguida aproximou-se pelas costas do homem e a cerca de seis metros do mesmo disparou, acertando-lhe na zona escapular esquerda [omoplata]", refere o despacho de acusação.

"Ato contínuo", a arguida aproximou-se e quando estava a cerca de três metros do mesmo efetuou novo disparo, acertando-lhe na zona mamária esquerda.

Como o homem se tentou proteger com as mãos e braços, um novo disparo da arma feriu-o no antebraço esquerdo.

"A mulher abandonou o local e colocou-se em fuga" com o objetivo de abandonar o país. Viria a ser localizada pelas 21:00 por inspetores da Polícia Judiciária "na estação do Oriente em Lisboa quando se preparava para embarcar em comboio com destino a Madrid".

Tendo em vista investigar eventual prática de um crime de violência doméstica do homem contra a arguida, foi extraída certidão do auto de inquirição.

A mulher encontra-se em prisão preventiva no estabelecimento prisional de Tires.

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