O vice-presidente da Região Sul da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), Manuel Morais, pediu, esta segunda-feira, a demissão do cargo, na sequência da polémica que as suas declarações, numa reportagem da SIC sobre racismo dentro da PSP, geraram.

Ao Notícias ao Minuto, o presidente da ASPP, contou que as palavras de Manuel Morais reproduziram “uma onda de indignação”. Por essa razão, garante Paulo Rodrigues, foi o próprio dirigente sindical que pediu para se afastar do cargo. O pedido que foi aceite pela direção do sindicato porque estava a ser cada vez mais “complicado gerir” a contestação dos associados.

Apesar de ter sido Manuel Morais a colocar um ponto final na sua carreira de dirigente ativista, que durava há quase 30 anos, a pressão para que este fosse afastado terá pesado na decisão.

“Alguns [associados] desistiram e muitos estavam à espera da reunião de hoje para tomar uma decisão”, revelou Paulo Rodrigues.

Ainda segundo o presidente da ASPP, a reportagem emitida pela SIC é "tendenciosa", "critica de forma negativa a PSP" e Manuel Morais, que além de agente da PSP é também antropólogo, "não conseguiu separar as conclusões da sua tese das suas funções como vice-presidente da ASPP".

Recorde-se que Manuel Morais, um dos vice-presidentes do maior sindicato da PSP e elemento do Corpo de Intervenção, foi alvo de intensas críticas e de uma onda de contestação depois de ter participado numa reportagem da estação de televisão SIC sobre a intervenção policial em zonas urbanas sensíveis, na qual alertava para a existência de focos de racismo na polícia.

Desde sexta-feira que decorria uma petição pública, lançada por associados da ASPP, para a demissão de Manuel Morais da vice-presidência da ASPP.

"Um grupo informal de agentes de autoridade, associados da ASPP/PSP, decidiram criar uma petição pública que apela à direção do sindicato para que demita com efeitos imediatos o vice-presidente Manuel Morais, pelo triste papel ativo que este tem tomado nas acusações públicas de racismo e xenofobia que têm fustigado injustamente as instituições policiais do nosso país, principalmente a PSP", refere a petição.

Em maio do ano passado, quando apresentou a tese de mestrado sobre preconceito racial na polícia, Manuel Morais também foi contestado, mas a ASPP manteve-o no lugar.