"Tudo o que dissesse limitava a minha liberdade se houvesse uma crise"
O Presidente da República explicou por que razão se manteve em silêncio durante a recente crise política.
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Política Presidente República
Depois de uma semana e meia sem falar e sem comentar a crise política motivada pela questão do tempo de serviço dos professores, Marcelo Rebelo de Sousa quebrou esta segunda-feira o silêncio, explicando por que motivo optou por não falar durante o período de crise e após a ameaça de demissão de António Costa.
Mas preferiu não se alongar em comentários. "Não me vou pronunciar agora (...) Não vou comentar a realidade partidária", começou por frisar Marcelo em declarações aos jornalistas à saída da Fundação Champalimaud em Lisboa.
"Houve três situações que se acumularam. A primeira era uma lei que estava na fase final de aprovação e o Presidente não podia estar a pronunciar-se sobre uma lei que estava na fase de aprovação. A segunda era isto acontecer a uma semana de campanha eleitoral. A terceira era de que havia pela primeira vez na legislatura um eventual cenário de crise institucional entre dois órgãos de soberania", justificou o Chefe de Estado.
"O Presidente poderia ter de intervir promulgando a lei ou vetando a lei e decidindo sobre a crise institucional se ela chegasse a existir. Tudo o que dissesse nesse período de tempo acabava por condicionar-me ao não deixar-me de mãos livres para as decisões que tivesse de tomar, se as tivesse de tomar. O Presidente decidiu não intervir como outros presidentes fizeram em situações análogas e não intervir significa não se pronunciar, não reunir com partidos políticos e não convocar partidos políticos", realçou Marcelo Rebelo de Sousa.
Questionado sobre se os portugueses, habituados a um Marcelo interventivo e que costuma comentar a atualidade nacional, compreendiam este silêncio, o Presidente foi claro.
"Os portugueses percebem porque tudo o que dissesse naquele período acabava por limitar a minha decisão entre promulgar ou vetar a lei e limitava o meu espaço de liberdade se houvesse uma crise a resolver. O Presidente intervém para prevenir crises e no caso vertente o Presidente deparou-se com a crise ao regressar da China e não tinha podido preveni-la", sublinhou, acrescentando que quando partiu "para a China não tinha dados nenhuns que apontassem para agir preventivamente".
O Presidente da República revelou ainda que não tomou qualquer decisão sobre o diploma relativo a outras carreiras da administração pública.
[Notícia atualizada às 16h59]
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