O novo presidente da Pescanova, Juan Manuel Urgoiti, transmitiu aos representantes dos trabalhadores que o Conselho de Administração eleito na semana passada não prevê despedimentos ou a venda de ativos da multinacional pesqueira.
Francisco Puga, presidente do comité de empresa, explicou que a informação foi transmitida numa reunião na segunda-feira e na qual participou também Senén Touza, da Deloitte, empresa que está a administrar o concurso de credores da Pescanova.
Puga explicou que Urgoiti disse que o objetivo do Conselho de Administração é negociar com as entidades financeiras credoras e que a intenção é um perdão na dívida de até 75%.
Os principais credores da Pescanova - Sabadell, Bankia, Popular, Caixabank, Novagalicia, BBVA e Banco Santander -- não querem o perdão, preferindo uma entrada no capital da empresa.
Para que isso ocorra teria que diluir-se as atuais participações dominantes, podendo a banca acabar por tomar o controlo da empresa.
Urgoiti disse ainda na conversa com os sindicatos, segundo referiu Puga, que há "alguns investidores interessados" em entrar no capital da Pescanova.
Em geral, explicou, a mensagem do novo responsável foi "tranquilizadora" e "otimista" e as "sensações são, em geral, boas".
Entretanto, a imprensa espanhola revela hoje que o ex-presidente da empresa, Manuel Fernández de Sousa, deixou apenas 30 mil euros em tesouraria e 7,2 milhões de euros nas contas correntes da empresa.
"Trata-se de uma quantidade mínima, tendo em conta que se trata de um grupo multinacional com mais de 10.000 empregados e que soma uma dívida de mais de 3.600 milhões de euros", refere o jornal El Economista, na sua edição online.
A situação financeira do grupo melhorou depois de em junho a empresa ter conseguido um novo crédito bancário de urgência, com o apoio do Governo autónomo da Galiza, no valor de 56 milhões de euros.
Desde aí a empresa gastou já 20 milhões dessa quantidade para o pagamento de salários e outras despesas correntes urgentes.