De acordo com a faculdade, que retificou informações anteriormente avançadas pela família, o corpo da artista estará a partir de das 17h30 de hoje em câmara ardente na mesma igreja e realiza-se uma missa na capela, às 19h15.
No sábado, depois da missa de corpo presente, o funeral segue para o cemitério de Santo Estevão de Barrosas, em Lousada, no distrito do Porto.
Numa homenagem à artista, a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUL) - onde Clara Menéres foi professora, e onde exerceu o cargo de presidente do conselho diretivo de 1993 a 1996 - recordou que os temas que dominaram a sua obra escultórica foram os mitos fundadores, cultos solares, aquáticos, e essencialmente de fecundidade, a alegoria da morte, a intervenção cívica, as reflexões científicas e filosóficas, e temáticas bíblicas.
A escultora Clara Menéres, de 74 anos, cuja vida e obra ficaram marcadas pela religiosidade, morreu na quinta-feira, ao princípio da noite, numa unidade hospitalar em Lisboa, disse hoje à agência Lusa fonte da família.
A artista, de origem minhota, será sepultada no Cemitério de Santo Estêvão de Barrosas, no concelho de Lousada.
De acordo com a mesma fonte, Clara Menéres estava ainda ativa e a última peça da sua autoria foi a estátua de João Paulo II, inaugurada na altura da Páscoa, numa rotunda da Maia, no Porto.
Maria Clara Rebelo de Carvalho Menéres nasceu em Braga, a 22 agosto de 1943, estudou escultura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, onde foi aluna de Barata Feyo, Lagoa Henriques e Júlio Resende, tendo concluído a licenciatura em 1968.
Expôs individualmente pela primeira vez em 1967 e foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris entre 1978 e 1981, doutorando-se na Universidade de Paris VII em 1983.
Foi também investigadora do Center for Advanced Visual Studies do Massachusetts Institute of Technology (MIT) entre 1989 e 1991.
Iniciou a atividade pedagógica na Escola Superior de Belas Artes do Porto e, entre 1971 e 1996, foi professora da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, onde exerceu o cargo de presidente do conselho diretivo de 1993 a 1996.
Foi depois professora catedrática na Universidade de Évora, onde lecionou de 1996 a 2007.
Uma das suas obras mais conhecidas é 'Jaz Morto e Arrefece', uma representação escultórica realista de um soldado morto com a farda da guerra colonial, inspirada no poema 'O Menino de Sua Mãe', de Fernando Pessoa.
Esta obra pode ser vista atualmente na Fundação Calouste Gulbenkian, na exposição 'Pós-Pop. Fora do lugar comum', entre outras peças da autora, que também está representada na coleção da entidade.
Em 2016, o Santuário de Fátima assinalou o encerramento das celebrações do Centenário das Aparições do Anjo da Paz com a inauguração de uma escultura em bronze - 'O Anjo da Paz' - da autoria de Clara Menéres.
Esta imagem do Anjo da Paz, em bronze, representa uma figura jovem, embrulhada num manto branco, com uma pomba numa mão e o ramo da oliveira na outra, numa referência ao Antigo Testamento.
Também no Santuário de Fátima se encontra, desde 2000, uma imagem da jovem pastora Jacinta, da sua autoria.
Entre várias exposições, participou na Alternativa Zero, Galeria Nacional de Arte Moderna, em Belém, em 1977, na XIV Bienal de S. Paulo, no Brasil, no mesmo ano, na exposição "Anos 60, anos de ruturah uma perspetiva da arte portuguesa nos anos sessenta", na Lisboa 94, Capital Europeia da Cultura.
Individualmente, entre outras, exposições, apresentou o seu trabalho em Portugal, nomeadamente em Lisboa, Porto, e Aveiro, e nos Estados Unidos, em várias cidades, nos estados de Nova Iorque e Massachusetts.