"Esperamos que venham muitos cidadãos. Temos de pressionar os parlamentares a aprovar a DUI [declaração unilateral de independência]", disse a catalã Olatz à agência Lusa a olhar para uma avenida vedada ao trânsito pela polícia e onde a maioria das pessoas eram turistas que ignoravam por completo o que iria acontecer nas próximas horas.
Os dois principais movimentos cívicos separatistas, a Assembleia Nacional da Catalunha (ANC) e a Òmnium Cultural, juntamente com os Comités de Defesa do Referendo (CDR), convocaram desde quinta-feira ao final do dia, através das redes sociais, os catalães para viram defender a DUI a partir do meio da manhã de hoje.
"Acha que é perigoso estarmos aqui. Deveríamos voltar para o hotel?", perguntava uma turista japonesa ao guia que a sossegou dizendo que ainda tinham tempo "mais do que suficiente" para terminar a volta e ir para outro local da cidade.
Barcelona prepara-se para viver hoje um dia decisivo, depois de meses de tensão com Madrid, que considera ilegais as pretensões independentistas da região.
O parlamento regional, com uma maioria de deputados independentistas, deverá aprovar durante o dia a desejada DUI, uma decisão esperada há meses e que se arrisca de não ser aplicada.
Na capital espanhola, a cerca de 600 quilómetros, e reunido ao mesmo tempo, o Senado deverá aprovar, também hoje, a proposta do Governo central para intervir diretamente na Catalunha com uma série de medidas para destituir o executivo catalão, tomar conta da polícia regional (Mossos d'Esquadra) e da administração pública, até à realização de eleições regionais num prazo de seis meses.
O Governo catalão e todos os movimentos e associações separatistas defendem que a independência foi legitimada pelo referendo de 01 de outubro último, que foi considerado ilegal pelo Estado espanhol.
Nesse dia, numa votação com uma taxa de participação de 43% dos eleitores, votaram "sim" à independência 90%, enquanto os "constitucionalistas" (defensores da união com Espanha) boicotaram a consulta, ficando em casa.
"Isto se fosse no Brasil, havia tanques para se fazer cumprir a lei, mas aqui está tudo calmo", afirma Carlos, um turista brasileiro a passear numa rua que se enchia a pouco e pouco de apoiantes da criação da República da Catalunha.