ONG contesta cimeira dos países não alinhados na Venezuela
Dez ONG venezuelanas divulgaram hoje uma carta aberta à comunidade internacional, contestando a realização, no país, da 17.ª Cimeira do Movimento dos Países Não Alinhados (MNOAL), que terá lugar de 13 a 18 de setembro, na ilha de Margarita.
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Mundo Crise
As organizações não governamentais (ONG) questionam os custos que a Venezuela terá de suportar, quando no país vigora um Estado de Emergência Económica, há escassez de produtos e alta inflação, e acusam o Governo venezuelano de querer "maquilhar" uma "realidade distinta da que existe", para se "aferrar ao poder".
"É nossa responsabilidade ética dar conhecimento à Comunidade Internacional que, perante a atual situação do país, caraterizada pela instabilidade política e uma grave crise económica e social, a cimeira não deveria realizar-se, enquanto estas condições adversas não estiverem superadas", lê-se na carta assinada pelas ONG.
O documento, a que a agência Lusa teve acesso, explica as ONG ficam satisfeitas quando a Venezuela é anfitriã de eventos internacionais que contribuam para o desenvolvimento, a paz entre os povos e que destaquem os valores universais da Carta das Nações Unidas.
A carta aberta faz ainda referência à importância dos esforços do movimento, para fortalecer posições conjuntas, partilhar visões e adaptar-se aos novos desafios do multilateralismo, do desenvolvimento sustentável, da democracia e do respeito pelos Direitos Humanos, mas sublinha que "o Governo venezuelano carece das capacidades necessárias e valores apropriados para promover os câmbios que requer o MNOAL".
"A realização desta cimeira internacional, que, segundo analistas, tem um custo aproximado de 150 milhões de dólares (aproximadamente 133 milhões de euros)", a assumir "pelo país anfitrião, não tem correspondência com as necessidades e penúrias que sofrem os venezuelanos, perante a escassez de alimentos e medicamentos, e a mais alta taxa de inflação do planeta", prossegue a carta das ONG.
As organizações insistem na necessidade de transparência com a Comunidade Internacional, e de não se "dissimular uma realidade com uma política de maquilhagem em avenidas e ruas, para esconder a verdadeira, triste e lamentável situação de que padece a maior parte do país".
"Não queremos que [outros Estados-membros do MNOAL] sejam manipulados por um Governo que aspira desenhar uma realidade distinta da que existe, especialmente quando o Governo de Nicolás Maduro impede a realização de um referendo revogatório do Presidente da República, que tem o país mergulhado numa grave crise económica e humanitária, não respeita as competências da Assembleia Nacional e mantém mais de 130 presos políticos", sublinham as ONG.
O documento "adverte" os líderes do MNOAL de que "a intenção" do Governo venezuelano, ao realizar uma cimeira tão custosa, é utilizar a presença dos visitantes "para ocultar o seu isolamento na América Latina", manipular perceções e "desviar a atenção das suas manobras autoritárias mediante as quais tenta aferrar-se ao poder, de costas à vontade popular".
O documento foi assinado por Conselho Venezuelano de Relações Internacionais, Associação de Professores da Universidade Central da Venezuela, Cidadania Ativa, Grupo La Colina, Região Insular Futuro e Desenvolvimento, Foro Câmbio Democrático, Arágua sem Medo, Arágua na Rede, Gente do Desporto e Pró-Cátia.
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