De acordo com a mesma fonte do Hospital Sírio-Libanês, Hector Babenco faleceu na quarta-feira à noite, na sequência de uma paragem cardíaca.
O realizador, nascido na Argentina, que saiu do seu país em 1964, para não fazer serviço militar, estava naturalizado no Brasil desde 1977, e fez uma carreira histórica de quase 40 anos no mundo do cinema, tendo sido nomeado para um Óscar de melhor realizador por 'O Beijo da Mulher Aranha' (1985).
O mesmo filme valeu um Óscar ao ator William Hurt, e participaram ainda no elenco Sónia Braga e Raul Julia, interpretando uma história - baseada no livro de Manuel Puig - passada na prisão de um país da América Latina, onde um homossexual divide a cela com um militante de esquerda.
Outro filme que marcou a sua carreira foi 'Pixote: a lei do mais fraco' (1982), que conta a história de um menino (Fernando Ramos da Silva), de um grupo de crianças da rua que, depois de fugir de um reformatório juvenil onde era maltratado, encontra uma prostitua (interpretada pela atriz Marília Pera) e passa a viver com ela.
Também realizou 'Lúcio Flávio, o passageiro da agonia' (1977), o filme autobiográfico 'Meu Amigo Hindu' (2015), sobre um realizador (Willem Dafoe) com um cancro em estado terminal, que quer filmar uma última película.
A primeira longa-metragem de ficção de Hector Babenco foi 'O rei da noite' (1975), com os atores Paulo José e Marília Pera, que surgiu depois de um documentário sobre o campeão brasileiro de Fórmula 1 Emerson Fittipaldi ('O fabuloso Fittipaldi', 1973).
'Ironweed - Estranhos na Mesma Cidade' (1987), sobre um casal de sem abrigo, com Jack Nicholson, Meryl Streep e Tom Waits, 'A Brincar nos Campos do Senhor' (1991), que aborda o confronto de missionários católicos, com tribos amazónicas (e que foi apontado como inspiração de 'Avatar'), com Tom Berenger, John Lithgow e Daryl Hannah, são outros filmes dirigidos pelo realizador.
Com 'Pixote: a lei do mais fraco' Babenco venceu o Leopardo de Ouro do Festival de Locarno, em 1982, e foi distinguido pelo Festival de San Sebastian e pela associação de críticos norte-americanos (1982).
'O beijo da mulher aranha', além da nomeação para melhor realizador, da Academia de Hollywood, deu a Babenco o Grande Prémio do Festival de Tóquio, em 1985.
'Lúcio Flávio, o passageiro da agonia', 'Carandiru' (2003), sobre a luta anti-sida, no Brasil, e 'El pasado' (2007), sobre a separação de um casal, com Gael García Bernal e Mabi Abele, são outros filmes do realizador, distinguidos em diferentes festivais europeus e latino-americanos.