"Já temos pelo menos seis movimentos confirmados e estamos a convidar as pessoas das províncias. Está-se a trabalhar para que seja a maior manifestação de sempre", afirmou hoje Mário Faustino, porta-voz da organização deste "protesto pacífico", agendado para as 09:00 (mesma hora em Lisboa), com concentração no Largo da Independência, em Luanda.
O responsável falava à Lusa no final de uma reunião na capital angolana - a segunda em quatro dias -, para preparar a manifestação e que contou com a participação de três plataformas representativas de ex-militares não desmobilizados, militares desmobilizados e ex-funcionários da Casa Militar da Presidência da República, que reclamam o pagamento de indemnizações e salários em atraso, desde 2010.
A este grupo juntou-se, segundo Mário Faustino, o apoio de organizações representativas dos antigos militares e ex-combatentes, entre outras.
"A manifestação vai sair e acredito que vai decorrer sem sobressaltos. E outros movimentos virão", disse ainda o porta-voz.
No domingo, estes elementos tinham anunciado um pedido de reunião ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos, para tentar desbloquear a situação, até agora sem desenvolvimentos, avançando por isso o protesto na rua.
"Esta manifestação não é de manifestantes, é de militares e se a polícia não tiver um comportamento adequado, nós também vamos reagir", advertiu, na altura, Mário Faustino.
"Fomos postos na rua sem nada. Há retroativos, indemnizações e salários por pagar, apesar das promessas de vários generais, que não cumpriram. Agora queremos o contacto direto com o Presidente", disse ainda, na ocasião, o mesmo porta-voz.
A polícia angolana foi chamada a intervir, em junho de 2012, para travar uma outra manifestação do género em Luanda, convocada por ex-militares, tendo sido disparados tiros para o ar, alegando as autoridades que o protesto não estava autorizado.
Os ex-militares exigiam então, como agora, o pagamento de subsídios, a integração na Caixa de Previdência e Segurança Social do Ministério da Defesa, em vez de continuarem inscritos nos serviços de segurança social dos Antigos Combatentes ou do regime geral, entre outras revindicações.
Essa manifestação ficou ainda marcada pelo rapto, na via pública, em Luanda, dos ex-militares Alves Kamulingue e Isaías Cassule, que tratavam da organização do protesto.
Os corpos nunca foram recuperados e o caso terminou com a condenação pelo tribunal, já em março último, de vários elementos da polícia e dos serviços secretos angolanos, com penas até 17 anos de prisão, pelos crimes de rapto e homicídio dos dois.