O Prémio Nobel da Paz 'escapou' a Donald Trump – pelo menos, para já -, mas há 143 laureados que, ao longo de 125 anos já o receberam. O prémio é agora entregue a María Corina Machado, oriunda da parte do mundo [América do Sul] onde se registam menos vencedores, com 2%.
Feitas as contas, e citado pela publicação Al Jazeera, foi na Europa que mais laureados houve (45%), seguindo-se a América do Norte (20%), Ásia (16%) e África (9%).
Mas, com o prémio a ser entregue 106 vezes desde 1901 – e com anos em que não foi -, há várias dados e curiosidades que foram acontecendo.
María Corina Machado: "Esta é uma conquista para toda a sociedade"
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, afirmou hoje que a atribuição do Nobel da Paz é "uma conquista e um reconhecimento" para todos os venezuelanos, considerando que o prémio devia ser dado ao povo do país sul-americano.
Lusa | 13:07 - 10/10/2025Como nasceu este prémio?
Este galardão herdou o nome de Alfred Nobel (1833-1896), um químico e engenheiro sueco, que é mais conhecido por ter inventado a dinamite. Se, por um lado, este explosivo foi revolucionário no avanço do setor da construção e nas minas, por outro lado é 'responsável' pela morte em grande escala durante guerras.
De forma a moldar o seu legado, Nobel deixou uma fortuna multimilionária para financiar os prémios anuais, que são concedidos para aqueles que "conferiram o maior benefício à humanidade" no ano anterior.
E o que ganham os vencedores?
Para além do reconhecimento, os vencedores recebem ainda uma medalha de ouro de 24 quilates, ouro puro, assim como um diploma. Contas feitas, os vencedores recebem 11 milhões de coroas suecas, cerca de um milhão de euros.
'Quem' são os vencedores do Nobel da Paz?
A organização explica no site que este galardão foi entregue ao longo destes anos a 112 indivíduos e 31 organizações. "Considerando que o Comité Internacional da Cruz Vermelha recebeu o Prémio Nobel da Paz três vezes (em 1917, 1944 e 1963) e o Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados recebeu o Prémio Nobel da Paz duas vezes (em 1954 e 1981), há 28 organizações individuais que receberam o Prêmio Nobel da Paz", é detalhado no site.
Com Corina Machado são agora 20 as mulheres laureadas. A mais nova laureada foi Malala Yousafzai, com 17 anos, em 2014, pela "luta contra a repressão de crianças e jovens e pelo direito de todas as crianças à educação".
Por outro lado, Joseph Rotblat foi o mais velho, aos 86 anos, ganhando o galardão juntamente as Conferências Pugwash sobre Ciência e Negócios Mundiais, em 1995. Rotblat ganhou "pelos seus esforços para diminuir o papel desempenhado pelas armas nucleares na política internacional e, a longo prazo, para eliminar tais armas".
Todos os vencedores podem ser consultados aqui.
O prémio Nobel da Paz deve reconhecer indivíduos ou organizações pelos esforços excecionais para promover a paz, resolver conflitos e também na luta dos direitos humanos. Ninguém se pode autonomear, mas pode ser nomeada várias vezes por outras pessoas.
Embora muitas pessoas conhecidas tenham sido indicadas no passado, mas nunca tenham recebido o Prémio Nobel da Paz, os nomes mais frequentemente pesquisados na base de dados das indicações ao Nobel são Adolf Hitler, Mahatma Gandhi e Joseph Stalin.
Há sempre um vencedor?
Segundo o que é explicado, houve vários anos em que o prémio não foi entregue, seja devido a conflitos ou pela falta de um candidato adequado. Segundo o estatuto da organização, se nenhum dos candidatos tiver feito um trabalho suficientemente significante, o prémio poderá ser retido e o valor do do mesmo ficará para o ano seguinte.
Em 1948 aconteceu um feito que muitos interpretam como uma homenagem a Mahatma Gandhi, assassinado nesse ano. O líder pacifista foi nomeado várias vezes - em 1937, 1938, 1939, 1947 e novamente em 1948 -pelas suas ações e liderança não violenta no movimento de libertação da Índia. Nesse ano, o Comité decidiu não dar o prémio, referindo que "nenhum candidato vivo adequado", vista esta decisão como uma homenagem.
Os desejos de Trump 'foram' a rejeição de outros: Quem não aceitou o prémio
Note-se que este prémio tem dado que falar ultimamente não só pela sua importância, como também pelo desejo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ganhar este galardão.
No entanto, houve um ano em que os laureados recusaram o prémio: em 1973, o político vietnamita Le Duc Tho e o secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, receberam o prémio pelo esforço para colocar fim à Guerra do Vietname
Le Duc Tho recusou, no entanto, o prémio, justificando que o conflito ainda estava em curso. Nesse ano foram mesmo assinados acordos, mas a guerra do Vietname só viria a acabar em 1975. Em 20 anos de conflito, morreram milhões de pessoas.
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