O presidente russo, Vladimir Putin, disse, esta quinta-feira, que a Rússia não tem drones capazes de atingir Lisboa, ao mesmo tempo que ressalvou, em jeito de piada, que "não há alvos" na capital portuguesa.
As declarações foram proferidas durante uma ronda de questões no fórum de discussão Valdai, que decorreu em Sochi, no sudoeste da Rússia.
Interpelado por um membro da plateia, o chefe de Estado prometeu que não voltará a enviar drones para a Dinamarca, tendo ironizado que a Rússia não tem veículos aéreos não tripulados capazes de atingir Lisboa.
"Prometo que não o farei mais. Não para a Dinamarca, não para França, não para Copenhaga. Para onde é que estão a voar mais? Lisboa?", disse.
E complementou: "Se falarmos de forma séria, não temos drones capazes de atingir Lisboa. Temos drones de longo alcance, mas não há alvos lá. É isso que importa."
Confrontado com estas declarações, Putin esclareceu, depois, que "era uma piada".
O presidente russo considerou ainda que a "histeria" quanto à presença de drones no espaço aéreo europeu não passa de uma manobra de distração por parte dos líderes ocidentais, que pretendem que as populações ignorem os "problemas profundos" dos seus países.
"As elites políticas europeias continuam a alimentar a histeria. Afinal, a guerra com os russos está praticamente às portas [da Europa]. Repetem esse disparate, esse mantra, incessantemente. […] Ou são incrivelmente incompetentes, se realmente acreditam nisso, porque é impossível acreditar nesse disparate, ou são simplesmente desonestos", lançou.
Durante o seu discurso, Putin salientou, contudo, que Moscovo acompanha de perto "a crescente militarização da Europa" e frisou que a resposta "não tardará" e "será, no mínimo, muito convincente".
"A Alemanha, por exemplo, afirma que o exército alemão deve ser o mais poderoso da Europa. Ótimo. Ouvimos com atenção, compreendendo o que isso significa. Acho que ninguém duvida que tais medidas forçarão a Rússia a agir, e as contramedidas não tardarão a chegar", disse, ressalvando que Moscovo "nunca [iniciou] um confronto militar" por si só.
O chefe de Estado instou ainda os líderes europeus a concentrarem-se na resolução das dificuldades dos seus países, ao invés de se focarem na "ameaça russa".
"Sinceramente, apetece-me dizer: acalmem-se, durmam em paz, lidem com os vossos próprios problemas. Basta olhar para o que está a acontecer nas ruas das cidades europeias", atirou.
Putin frisou também que "todos os países da NATO estão a lutar contra" a Rússia e "já não o escondem", tendo alegado que "foi criado um centro especificamente na Europa, que apoia tudo o que as forças armadas ucranianas fazem".
"Fornece informações, transmite dados de inteligência do espaço, fornece armas e dá formação", acusou.
Recorde-se que, nas últimas semanas, foram identificados drones no espaço aéreo de países como a Alemanha, a Estónia, a Polónia e a Roménia, assim como na Dinamarca e na Noruega, o que levou ao encerramento de diversos aeroportos.
A Rússia negou "firmemente" estar envolvida, tendo a sua embaixada em Copenhaga denunciado que se tratou de uma "provocação orquestrada".
Ainda assim, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, disse, na quarta-feira, que há um "apoio abrangente" às prioridades apresentadas pela Comissão Europeia para reforçar a segurança do bloco, nomeadamente a criação de um "muro de drones" e o reforço das capacidades militares, de maneira generalizada, no flanco leste.
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