Weston Halsne estava na igreja em Minneapolis, no estado norte-americano do Michigan, quando Robin Westman começou a disparar. A criança, de apenas 10 anos, contou à CNN que estava talvez "a dois lugares" dos vitrais nas janelas quando tudo começou.
Inicialmente não percebeu muito bem o que estava a acontecer nem o que eram os sons que estava a ouvir, mas que, mesmo assim, foi para debaixo dos bancos da igreja e cobriu a cabeça para se proteger, enquanto a arma continuava a disparar sobre ele - e tantas outras crianças.
"Acho que fiquei com pólvora no pescoço", contou.
Mas Weston foi protegido por um amigo.
"O meu amigo, Victor, salvou-me, porque se pôs por cima de mim, mas ele foi atingido", disse o jovem. "Foi atingido nas costas e teve de ir para o hospital. Eu estava aterrorizado sobre o que lhe podia acontecer, mas acho que ele agora já está bem."
Weston relatou que todos os meses, ele e os colegas, na escola que fica diretamente ao lado da igreja atacada, participam num simulacro para casos de tiroteios. "Praticamos todos os meses, mas não na igreja, só na escola", informou o jovem.
Morreram duas crianças de 8 e 10 anos no tiroteio
A suspeita, Robin Westman, uma mulher transgénero de 23 anos, ter-se-á aproximado da parte lateral do edifício e abriu fogo, através das janelas, sobre as crianças que estavam sentadas em bancos a assistir à missa na primeira semana de aulas.
Em conferência de imprensa, o chefe da polícia de Minneapolis, Brian O'Hara, disse que duas crianças, de 8 e 10 anos, foram mortas enquanto estavam sentadas nos bancos de uma igreja da escola.
Além disso, outras 17 pessoas ficaram feridas, 14 das quais crianças - duas delas estão em estado crítico. A atiradora acabou por tirar a própria vida.
Moradores acharam que alguém estava a usar uma pistola de pregos
À volta da zona do crime, os locais relatam que, tal como Weston, também não perceberam o que estava a acontecer no início. "Achei que não havia forma de ser um tiroteio apenas porque se ouvia tantos disparos", disse Bill Bienemann, que vive a dois quarteirões da igreja, à NBC News, citada pela BBC.
Mike Garrity disse ao mesmo órgão que achou que alguém estava a usar uma pistola de pregos.
Ao Wall Street Journal, outro residente PJ Mudd, que nesta quarta-feira estava, por acaso, a trabalhar de casa, disse que ouviu três estrondos. "E de repente caiu-me a ficha: é um tiroteio".
Assim que se apercebeu do que estava a acontecer, Mudd disse ter corrido até à igreja, onde viu três cartuchos da arma.
Quem lá estava na altura em que os jovens começaram a sair do edifício falam num cenário dantesco, onde as crianças emergiram cobertas de sangue.
Patrick Scallen, que também mora na zona, contou à BBC que viu três crianças a fugir da igreja, uma delas uma menina com uma ferida na cabeça, e apressou-se a ajudá-las.
"Ela só dizia 'por favor agarra-me na mão, não me deixes'. E eu respondia que não ia a lado nenhum."
"Vemos vídeos online, mas nada se compara ao que é ver aquilo ao vivo", relatou uma ama à NBC, afirmando que "só as expressões na cara" das crianças a assombram.
Crime está a ser investigado como um "ato de terrorismo"
O incidente está a ser investigado como um "ato de terrorismo doméstico" e um "crime de ódio contra católicos", confirmou o diretor do FBI, Kash Patel. Em conferência de imprensa, Jacob Frey, presidente da Câmara de Minneapolis, lamentou o sucedido.
"Não é possível expressar em palavras a gravidade, a tragédia ou a dor absoluta deste momento", disse, referindo que as crianças afetadas "estavam literalmente a rezar" quando aconteceu o tiroteio em massa.
"Não pensem nisto como se fossem apenas os filhos de outras pessoas... Pensem nisso como se fossem os vossos próprios filhos", apelou.
Sabe-se que Robin não tinha antecedentes criminais, que terá agido sozinha, e que usou três armas, que tinham sido compradas "recentemente", de acordo com Brian O'Hara, chefe da polícia de Minneapolis.
"Havia uma espingarda, uma caçadeira e uma pistola. Todas as três armas foram compradas legalmente", indicou.
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