A família de María Matilde Muñoz Carzola, a espanhola de 72 anos desaparecida desde o início de julho na ilha de Lombok, na Indonésia, pronunciou-se e acusou os funcionários do hotel onde a mulher estava hospedada de "estarem envolvidos em tudo".
Matilde Muñoz, conhecida como Mati, foi vista pela última vez a 2 de julho, nas imediações do Hotel Bumi Aditya, na Praia de Senggigi, onde estava hospedada.
Em declarações à Europa Press em representação da família, Ignacio Vilariño, sobrinho de Mati, considerou estar em causa um "crime clássico" e pediu às autoridades da Indonésia e à Interpol para intensificarem as investigações e ouvirem os funcionários do hotel onde estava hospedada, acreditando que estão "envolvidos em tudo".
Segundo Vilariño, os funcionários e gerentes do hotel apresentaram contradições "tão evidentes que não deixam margem para dúvidas" de um possível envolvimento.
"Aflige-nos que ninguém tenha sido levado para depor perante a polícia do país. As mentiras e descuidos das duas ou três pessoas que administram o hotel mostram que estão envolvidos em tudo", atirou.
Na altura em que o desaparecimento foi denunciado, Nurmala Hayati, contabilista do alojamento, explicou que a espanhola deu entrada pela primeira vez no hotel por volta de "12 de junho" e que "prolongou a sua estadia" no estabelecimento a 2 de julho até ao dia 20 desse mês. A mulher pagou antecipadamente e disse que "ia para a praia".
"Depois disso, nunca mais a vi", disse à agência de notícias espanhola Efe.
"A 5 de julho, o pessoal do hotel disse-me que Matilde não tinha voltado desde 2 de julho. Enviei-lhe uma mensagem pelo WhatsApp, mas ela não a recebeu. Foi só no dia 6 [de julho] que ela respondeu a dizer que estava em Laos. Não lhe mandei mais mensagens", acrescentou Hayati.
No entanto, segundo o sobrinho, a mensagem enviada para o hotel continha erros ortográficos graves, que eram "atípicos dela". Uma mensagem semelhante foi enviada para o seu grupo de amigos, mas a família acredita que possa ser um álibi para os envolvidos.
"Não temos dúvidas de que [as mensagens] eram falsas", disse Vilariño.
O sobrinho considerou, ainda, que "é impossível" que Mati "tenha desaparecido por vontade própria". "Ela era uma mulher que relatava os seus movimentos minuto a minuto e nunca deixava de responder aos seus entes queridos", sublinhou.
Recorde-se que o caso começou a ser investigado em meados de agosto, após a Polícia de Lombok Ocidental ter recebido um alerta da Polícia Nacional da Indonésia e do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
"Após recebermos o alerta, iniciámos imediatamente uma investigação", explicou o chefe da polícia da esquadra de Lombok Ocidental, Yasmara Harahap, responsável pelo caso, a 15 de agosto.
Harahap explicou que a mulher, nascida na Corunha em setembro de 1952 e residente em Maiorca, chegou a Lombok em junho e tinha uma reserva no hotel Bumi Aditya, na zona de Senggigi, até 20 de julho. Os funcionários do estabelecimento indicaram às autoridades que a viram pela última vez no passado dia 2 de julho.
"Procurámos noutros hotéis e vilas da zona", disse o chefe da polícia, acrescentando que as autoridades de Imigração da Indonésia não têm conhecimento de que tenha saído do país.
"Se ela tivesse voltado para Espanha, haveria registo disso. Atualmente, não há, o que significa que ela ainda está na Indonésia", adiantou.
Também a agência que tratou do visto de María Matilde Muñoz Cazorla garante que "ela não saiu do país" e que a sua autorização de permanência no arquipélago "continua ativa".
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