Mais de 2.500 queixas contra Wilders por publicação antimuçulmana

O centro antidiscriminação neerlandês recebeu mais de 2.500 queixas duma imagem publicada pelo líder da extrema-direita, Geert Wilders, com dois meios rostos: uma jovem loira de olhos azuis e uma mulher de sobrolho carregado e lenço na cabeça.

Weekly question time at the Dutch House of Representatives

© Lusa

Lusa
07/08/2025 16:34 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

Países Baixos

"A escolha é tua a 29/10" era a mensagem eleitoral que acompanhava a imagem denunciada, divulgada na segunda-feira por Wilders, anunciou hoje o centro Discriminatie, explicando que esta se referia às eleições gerais que decorrerão nos Países Baixos a 29 de outubro, depois de o político de extrema-direita ter abandonado o atual Governo de coligação, originando a sua queda.

 

"É muito invulgar recebermos um número tão elevado de queixas sobre um único caso, e representa um sinal claro da sociedade: para muitas pessoas, a mensagem implícita na imagem é ofensiva e gera sentimentos de exclusão e insegurança", acrescentou o centro.

Na imagem publicada nas contas do político nas várias redes sociais, a cada metade do rosto das duas mulheres corresponde um partido diferente: à esquerda, junto da mulher jovem, loira, maquilhada e de olhos azuis, surge a sigla PVV (o partido de Wilders), ao passo que à direita, junto à mulher mais velha, de cenho franzido, rugas e a cabeça coberta com um lenço, aparece a sigla PvdA, o Partido Social-Democrata, liderado por Frans Timmermans e adversário eleitoral de Wilders.

Quem denunciou a imagem considera que se trata de "discriminação assente na origem e na religião, mas também no género e idade" e, segundo a Discriminatie, muitos expressaram preocupação com o "caráter polarizador da imagem, que alimenta ativamente o pensamento de 'nós contra eles'" na sociedade.

"Foram frequentemente mencionadas palavras como 'de mau-gosto', 'odiosa', 'preocupante' e 'racista', e várias pessoas apontaram também "a perturbadora semelhança com a linguagem visual nazi da Segunda Guerra Mundial", acrescentou o centro antidiscriminação neerlandês.

A propaganda eleitoral nazi opunha a imagem de um nazi orgulhoso à caricatura antissemita de um comunista.

Além disso, o centro recordou que as imagens são "poderosas" e podem "informar e inspirar, mas também estigmatizar e dividir", e quando estes dois rostos de mulheres "se contrapõem", o que é transmitido é "uma narrativa de confrontação contrária à sociedade inclusiva que se pretende" ter nos Países Baixos.

O Discriminatie condenou a imagem, classificando-a como "discriminatória e estigmatizante" e anunciou que está a ponderar medidas contra o político neerlandês, incluindo levá-lo a tribunal, mas que ainda não tomou uma decisão.

"A política pode ser dura, mas nunca deve incitar ao ódio, à exclusão ou à discriminação", sustentou.

Wilders, que há muito leva a cabo uma campanha anti-islâmica, continuou no mesmo tom na quarta-feira.

"Os neerlandeses estão em primeiro lugar. O Islão não tem lugar aqui", escreveu, na rede social X.

"Fora com os criminosos estrangeiros. As nossas raparigas novamente em segurança nas ruas", prosseguiu.

O PVV de Wilders abandonou em junho passado o Governo de coligação ainda em funções, argumentando com a alegada ausência de avanços para uma política severa de asilo e migração, o que obrigou à convocação de eleições legislativas antecipadas.

De acordo com as mais recentes sondagens, o PVV de Wilders mantém-se como o maior partido, com 30 dos 150 assentos parlamentares, embora menos sete que os que agora detém, seguido de perto pela coligação de esquerda GroenLinks-PvdA, de Timmermans, com 29 deputados. Em terceiro lugar, surgem os liberais do VVD e os democratas-cristãos do CDA, com 23 mandatos cada.

Leia Também: Ministro israelita anuncia reconstrução de colonato abandonado em 2005

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas