"A escolha é tua a 29/10" era a mensagem eleitoral que acompanhava a imagem denunciada, divulgada na segunda-feira por Wilders, anunciou hoje o centro Discriminatie, explicando que esta se referia às eleições gerais que decorrerão nos Países Baixos a 29 de outubro, depois de o político de extrema-direita ter abandonado o atual Governo de coligação, originando a sua queda.
"É muito invulgar recebermos um número tão elevado de queixas sobre um único caso, e representa um sinal claro da sociedade: para muitas pessoas, a mensagem implícita na imagem é ofensiva e gera sentimentos de exclusão e insegurança", acrescentou o centro.
Na imagem publicada nas contas do político nas várias redes sociais, a cada metade do rosto das duas mulheres corresponde um partido diferente: à esquerda, junto da mulher jovem, loira, maquilhada e de olhos azuis, surge a sigla PVV (o partido de Wilders), ao passo que à direita, junto à mulher mais velha, de cenho franzido, rugas e a cabeça coberta com um lenço, aparece a sigla PvdA, o Partido Social-Democrata, liderado por Frans Timmermans e adversário eleitoral de Wilders.
Quem denunciou a imagem considera que se trata de "discriminação assente na origem e na religião, mas também no género e idade" e, segundo a Discriminatie, muitos expressaram preocupação com o "caráter polarizador da imagem, que alimenta ativamente o pensamento de 'nós contra eles'" na sociedade.
"Foram frequentemente mencionadas palavras como 'de mau-gosto', 'odiosa', 'preocupante' e 'racista', e várias pessoas apontaram também "a perturbadora semelhança com a linguagem visual nazi da Segunda Guerra Mundial", acrescentou o centro antidiscriminação neerlandês.
A propaganda eleitoral nazi opunha a imagem de um nazi orgulhoso à caricatura antissemita de um comunista.
Além disso, o centro recordou que as imagens são "poderosas" e podem "informar e inspirar, mas também estigmatizar e dividir", e quando estes dois rostos de mulheres "se contrapõem", o que é transmitido é "uma narrativa de confrontação contrária à sociedade inclusiva que se pretende" ter nos Países Baixos.
O Discriminatie condenou a imagem, classificando-a como "discriminatória e estigmatizante" e anunciou que está a ponderar medidas contra o político neerlandês, incluindo levá-lo a tribunal, mas que ainda não tomou uma decisão.
"A política pode ser dura, mas nunca deve incitar ao ódio, à exclusão ou à discriminação", sustentou.
Wilders, que há muito leva a cabo uma campanha anti-islâmica, continuou no mesmo tom na quarta-feira.
"Os neerlandeses estão em primeiro lugar. O Islão não tem lugar aqui", escreveu, na rede social X.
"Fora com os criminosos estrangeiros. As nossas raparigas novamente em segurança nas ruas", prosseguiu.
O PVV de Wilders abandonou em junho passado o Governo de coligação ainda em funções, argumentando com a alegada ausência de avanços para uma política severa de asilo e migração, o que obrigou à convocação de eleições legislativas antecipadas.
De acordo com as mais recentes sondagens, o PVV de Wilders mantém-se como o maior partido, com 30 dos 150 assentos parlamentares, embora menos sete que os que agora detém, seguido de perto pela coligação de esquerda GroenLinks-PvdA, de Timmermans, com 29 deputados. Em terceiro lugar, surgem os liberais do VVD e os democratas-cristãos do CDA, com 23 mandatos cada.
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