Pelo menos 20 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em operações do Exército israelita na Faixa de Gaza, incluindo seis civis que aguardavam para receber ajuda alimentar, disse hoje a Defesa Civil do enclave palestiniano.
Pelo menos seis pessoas morreram e 30 ficaram feridas hoje "em consequência de disparos israelitas contra milhares de civis que aguardavam pela entrega de ajuda alimentar" perto do corredor de Netzarim, no centro de Gaza, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmoud Bassal.
Quando questionado pela AFP sobre estes incidentes, o exército israelita afirmou estar a acompanhar a situação.
Multidões de palestinianos reúnem-se nesta zona todas as noites para aguardar a abertura dos postos de distribuição de ajuda alimentar, observaram os correspondentes da AFP, entretanto estas distribuições geram cenas caóticas.
No final de maio, Israel levantou parcialmente o bloqueio imposto à Faixa de Gaza no início de março, que levou a uma grave escassez de alimentos, medicamentos e outros bens essenciais.
A Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), uma organização apoiada por Israel e pelos Estados Unidos, administra quatro centros de distribuição de ajuda alimentar no território palestiniano, incluindo a área onde ocorreu o tiroteio na manhã de hoje.
A ONU e as organizações não-governamentais (ONG) recusam-se a trabalhar com a GHF, alegando preocupações com os seus procedimentos e a sua neutralidade.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos classificou, na terça-feira, o uso de alimentos como arma em Gaza como um "crime de guerra", instando os militares israelitas a "pararem de disparar sobre as pessoas que os tentam obter".
Bassal declarou ainda que outras 14 pessoas foram mortas em ataques aéreos israelitas contra casas em toda a Faixa de Gaza. Cinco pessoas morreram em Deir al-Balah (centro de Gaza), seis no campo de Nusseirat (centro de Gaza) e três em Shujaiya (norte de Gaza).
Quando contactado pela AFP sobre estes ataques aéreos, o Exército israelita não fez comentários.
Dadas as restrições aos meios de comunicação na Faixa de Gaza e o difícil acesso no terreno, a AFP não pode verificar de forma independente o número de mortos fornecidos pela Defesa Civil.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023. Neste ataque morreram mais de 1.200 pessoas e cerca de 250 foram sequestradas.
Mais de 56.077 palestinianos, a maioria civis, foram mortos na Faixa de Gaza na campanha militar de retaliação israelita, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, considerados fiáveis pela ONU.
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