Émilie G., uma francesa de 33 anos, foi condenada a cinco anos de prisão com pena suspensa por ter matado o próprio avô de 95 anos, ateando fogo à cama onde o idoso estava acamado, em Saint-Laurent-de-Mure, França. Apesar do crime violento, a mulher tem o apoio da família, que acredita que o "fez por amor".
O crime ocorreu em 2020, mas o Ministério Público recorreu da decisão do Tribunal de Lyon e a mulher está agora a ser julgada por um tribunal de recurso. No primeiro dia de julgamento, em Bourg-en-Bresse, a família uniu-se para a apoiar.
"É errado, mas ela fez isso por amor", disseram os pais de Émilie G., citados pelo jornal francês Le Parisien, acreditando que a filha agiu para "abreviar o sofrimento" de um homem "no fim da vida" de quem era muito próxima e que pedia para "partir".
"Se a minha filha fez isso, foi porque o amava mais do que eu", explicou, em lágrimas, o pai de Émilie G., genro do idoso e que o encontrou morto na sua cama hospitalar em casa, em agosto de 2020.
Também a irmã defendeu que, "se houvesse a lei do fim da vida", a morte do avô "teria sido menos brutal, menos violenta e menos dura".
A mulher foi detida cerca de dois meses após o crime e, inicialmente, negou qualquer responsabilidade. As autoridades chegaram a acreditar na possibilidade de se tratar de um acidente, mas os restos de combustível na roupa da cama e as câmaras de vigilância da cidade descartam essa hipótese.
No julgamento de primeira instância, em outubro do ano passado, a acusação considerou estar em causa um "ato cruel e egoísta" e pediu que a mulher fosse condenada a 15 anos de prisão. No entanto, a Émilie G. foi condenada a cinco anos de prisão com pena suspensa e o Ministério Público recorreu do veredicto.
Segundo um perito em incêndios ouvido como testemunha, a mulher fez um "derramamento meticuloso e preciso" de combustível sobre a cama e, por isso, saberia que teria consequências. "O fogo é sistematicamente usado para destruir, para fazer desaparecer", explicou.
Em tribunal, o pai da acusada afirmou que sabe que o crime foi "errado", mas reiterou que acredita que a filha - que "passou por muito sofrimento" - o fez por amor.
Na altura dos factos, a mulher tinha 28 anos e sofria de "dificuldades psicológicas", agravadas pelo afastamento dos filhos, uma traição no casamento e o facto de ter chumbado num exame para professores. A estes factos, explicou uma investigadora de personalidade em tribunal, juntou-se o "estado degradado" do avô.
A responsável indicou que a mulher tinha deixado de visitar tantas vezes o avô, após o encontrar num estado "deplorável" em casa dos pais. "A dignidade do seu avô não era respeitada, tinha sido um momento forte para ela», explicou.
Já o advogado de defesa, Thibaud Claus, defendeu que em causa está um "caso de eutanásia de uma família que fez o que pôde diante de uma situação desesperadora, sem necessariamente ter as soluções certa".
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