"O Presidente Trump tem agora o poder e a oportunidade de libertar todos os presos políticos na Bielorrússia com apenas uma palavra. Peço que ele faça isso, que diga essa palavra", instou Tikhanovski, em conferência de imprensa na capital lituana, Vílnius, onde foram acolhidos os 14 presos políticos libertados no sábado.
Tikhanovski, bloguista e apresentador de 46 anos, foi detido em maio de 2020, por "organização de motins", "incitamento ao ódio" e "insubordinação", pouco antes de uma eleição presidencial marcada por manifestações históricas da oposição.
Na sequência da sua prisão, a sua mulher, Svetlana Tikhanovskaya, ficou ao comando da oposição, mas acabou por ser obrigada a exilar-se, sob pressão do regime bielorrusso, liderado por Alexander Lukashenko desde 1994.
Hoje, Tikhanovski esclareceu que Svetlana continua a ser "a líder" da oposição na Bielorrússia e que não tem "pretensões a essa nível".
Na página oficial na rede social X, o Governo português congratulou-se, pela libertação de Sergei Tikhanovski, saudando os seus "esforços incansáveis" na defesa da liberdade: "É uma grande notícia para a luta pela democracia na Bielorrússia."
No sábado, reagindo à libertação do marido, Svetlana Tikhanovskaya lembrou: "Ainda não terminámos. 1.150 presos políticos continuam atrás das grades. Todos eles têm de ser libertados."
Alexander Lukashenko "decidiu perdoar 14 condenados", libertados no sábado, "a pedido" de Donald Trump, segundo confirmou uma porta-voz da própria presidência bielorrussa.
A libertação ocorreu poucas horas depois de as autoridades bielorrussas anunciarem que Lukashenko se encontrou com Keith Kellogg, enviado de Donald Trump para a Ucrânia, na que foi a primeira visita em anos de uma autoridade norte-americana de alto nível à Bielorrússia, tradicional aliada da Rússia.
Na reunião, que se realizou em Minsk, a capital bielorrussa, Lukashenko recebeu calorosamente, na sua residência, Kellogg e a delegação americana.
Não ficou imediatamente claro se a visita de Kellogg poderá abrir caminho para a suspensão de algumas sanções dos EUA contra a Bielorrússia, impostas desde a repressão brutal contra os protestos de 2020 e devido ao apoio de Lukashenko à invasão da Ucrânia pela Rússia.
"Lukashenko está claramente tentando sair do isolamento internacional e a libertação de um grupo tão grande de presos políticos sinaliza o desejo de iniciar um diálogo com os EUA para suavizar as sanções internacionais", disse à agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP) o analista político bielorrusso Valery Karbalevich.
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