Com pouco mais de dois pontos percentuais de diferença em relação ao rival na segunda volta, Nicolas Mayer-Rossignol, que já havia enfrentado em 2023, Olivier Faure garantiu, no sábado, o quarto mandato (51,15% dos votos).
Numa altura em que o partido se encontrava dividido na estratégia de alianças eleitorais, o primeiro secretário do PS estabeleceu uma linha de alianças com outras formações de esquerda que exclui o partido de esquerda radical França Insubmissa (LFI) de Jean-Luc Mélenchon, a menos que isso seja necessário para impedir que a extrema-direita chegue ao poder.
Faure, na liderança do PS desde 2018, é um firme defensor de uma candidatura comum da esquerda, mas excluindo a LFI, que considera demasiado radical em alguns aspetos e, sobretudo, a quem reprova a vontade de anular todos os outros.
No discurso de encerramento do congresso em Nancy (nordeste), Faure pediu a todas as fações do PS que deixem de estar obcecadas com o líder da LFI, que marca a agenda da esquerda.
"Um grande partido socialista" deve assumir "a liderança frente à direita, frente à extrema-direita" e não "rebaixar-se a uma polémica permanente" com a LFI, afirmou Faure.
Uma alusão à divisão que se manifestou no congresso entre aqueles que o apoiaram e aqueles que optaram pelo rival Nicolas Mayer-Rossignol, que perdeu com pouco menos de 49% dos votos.
Mayer-Rossignol, mais próximo de uma sensibilidade social-democrata, é a favor de que o PS aja de forma independente das outras forças de esquerda e considera que o partido é completamente incompatível com a LFI, apostando numa rutura definitiva com a esquerda radical.
Porém, também Mayer-Rossignol se disse a favor de "uma frente republicana nos locais onde há risco" de que o partido de extrema-direita União Nacional (RN, sigla em francês) de Marine Le Pen conquiste o poder
O líder do PS afirmou que não assinará nenhum acordo para se apresentar com a LFI nas eleições municipais de 2026. Já para as eleições presidenciais previstas para a primavera de 2027 vai trabalhar por uma candidatura da esquerda que inclua socialistas, ecologistas, comunistas e outras personalidades, mas sem a LFI.
Mas, ao mesmo tempo, Faure justificou a coligação da Nova Frente Popular (NFP) que foi feita no verão de 2024 juntamente com a LFI, os ecologistas e comunistas, para se apresentar às eleições legislativas antecipadas, nas quais o RN aparecia inicialmente como favorito.
"Se não tivéssemos feito a Nova Frente Popular, [Jordan] Bardella estaria agora em Matignon", afirmou, referindo que o sucessor de Le Pen seria assim primeiro-ministro da França.
A coligação de toda a esquerda e a estratégia de uma parte do centro e da direita de se retirar em alguns círculos eleitorais franceses impediram o RN, na segunda volta das legislativas, de obter uma maioria para governar.
"Se surgisse a ameaça de a extrema-direita chegar ao poder, nenhum de nós aceitaria participar, nem mesmo indiretamente, para que isso acontecesse", garantiu o líder socialista.
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