Síria impõe 'burkinis' obrigatórios para mulheres nas praias públicas

O Ministério do Turismo sírio emitiu hoje um decreto que impõe o uso de fatos de banho que cobrem todo o corpo às mulheres que frequentam as praias públicas do país, havendo também proibições para os homens.

Praia Síria

© LOUAI BESHARA/AFP via Getty Images

Lusa
10/06/2025 18:23 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Síria

"Para os homens, (é ordenado) o uso de uma t-shirt quando não estiverem a nadar. Não é permitido aparecer de tronco nu (homens) em locais públicos fora das zonas balneares ou em hotéis ou locais de restauração", lê-se no decreto publicado pelo ministério no Facebook.

 

A medida, no entanto, não se aplica a estâncias de luxo e hotéis internacionais, onde "os fatos de banho ocidentais serão permitidos de acordo com as regras de conduta".

Noutros locais públicos, recomenda-se ainda o uso de "roupas que cubram os ombros e os joelhos", bem como "evitar" as que sejam "transparentes ou finas".

A Síria tem uma faixa costeira com cerca de 180 quilómetros, virada para o Mediterrâneo, entre o Norte do Líbano e o Sul da Turquia.

O texto constitucional assinado pelo Presidente de transição, Ahmed al-Sharaa, em março passado, especificou o Islão como a religião do Estado e mantém a jurisprudência islâmica como a "principal fonte de legislação".

As autoridades autónomas curdas do nordeste da Síria criticaram a declaração, argumentando que esta não reflete a "diversidade" do povo sírio e que "inclui disposições e um estilo tradicional semelhante às normas e critérios seguidos" pelo regime do antigo presidente sírio Bashar al-Assad.

Al-Sharaa, conhecido pelo seu nome de guerra Abu Mohamed al Golani, assumiu o cargo de Presidente de transição após a queda de Bashar al-Assad, que fugiu para a Rússia em dezembro, pondo fim a quase um quarto de século à frente do país, depois de ter sucedido, em 2000, ao seu pai, Hafez al-Assad, que liderava a Síria desde 1971.

No domingo, foi assinalado meio ano desde a queda do regime de Bashar al-Assad, tendo conseguido que a comunidade internacional levantasse a maioria das sanções que travavam a sua recuperação.

Desde os primeiros dias após a queda de Bashar al-Assad, líderes de todo o mundo visitaram Damasco ou receberam delegações sírias de alto nível, num voto gradual de confiança nas novas autoridades lideradas por Ahmed al-Sharaa, fundador do antigo ramo sírio da rede terrorista Al-Qaeda, o grupo radical islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS).

Sob as novas autoridades, ligadas à maioria muçulmana sunita, a Síria registou episódios de violência sectária, como o que, em março, causou centenas de mortos entre a minoria alauita, à qual pertencia al-Assad, ou o que, em maio, fez dezenas de vítimas entre os drusos.

Quanto aos curdos sírios, que lideram uma autoproclamada administração autónoma no nordeste do país, foi alcançado em março um acordo com o Governo central para ultrapassar divisões e trabalhar na sua integração no novo Estado sírio, ainda com muito por concretizar.

Enquanto Damasco procura entendimentos com as várias minorias e Israel tenta semear a discórdia entre elas, a comunidade internacional manifesta preocupação com o futuro do grupo jihadista Estado Islâmico, ainda ativo no vasto deserto sírio e, há muito, transformado de aliado em inimigo de al-Sharaa.

Leia Também: Síria. Regime de Bashar al-Assad caiu há meio ano

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