"A próxima ronda de negociações indiretas entre o Irão e os Estados Unidos está agendada para o próximo domingo em Mascate", revelou o porta-voz do ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros, Esmaïl Baghaï, num comunicado divulgado hoje.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tinha anunciado antes que a reunião teria lugar na quinta-feira.
Além disso, segundo Baghaï, o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros e principal negociador, Abbas Araghchi, "deslocar-se-á à Noruega na quarta e quinta-feira" para participar num evento em Oslo.
Na segunda-feira, o porta-voz iraniano anunciou que o seu país iria "em breve" apresentar a sua própria proposta para um eventual acordo nuclear, em resposta a um projeto de acordo norte-americano que não convenceu Teerão.
A questão do enriquecimento do urânio iraniano continua num impasse.
"Eles querem o enriquecimento (de urânio), não podem ter enriquecimento de urânio", insistiu Donald Trump.
Inimigos há quatro décadas, o Irão e os Estados Unidos realizaram cinco rondas de negociações desde abril, com a mediação de Omã.
As partes estão a tentar concluir um acordo destinado a impedir Teerão de adquirir armas nucleares, em troca do levantamento das sanções que estão a paralisar a sua economia. O Irão nega ter quaisquer ambições militares com armas nucleares.
Um acordo anterior sobre o programa nuclear iraniano foi alcançado em 2015 entre o Irão e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia) mais a Alemanha. Mas em 2018, após vários meses de ameaças, Donald Trump anunciou a retirada dos Estados Unidos deste acordo.
O enriquecimento de urânio volta assim ao centro das negociações. Os Estados Unidos exigem que o Irão renuncie enriquecimento total, enquanto Teerão considera esta exigência inegociável, quer manter o enriquecimento parcial, argumentando que a exigência dos EUA é contrária ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), do qual é signatário.
"Em breve, iremos propor o nosso plano à outra parte, através de Omã", afirmou o porta-voz da diplomacia iraniana, Esmaïl Baghaï, esta segunda-feira.
A proposta de acordo do Irão é "razoável, lógica e equilibrada, e recomendamos vivamente que a parte americana aproveite esta oportunidade", acrescentou o porta-voz numa conferência de imprensa semanal em Teerão.
Os Estados Unidos e os seus aliados ocidentais, bem como Israel, considerado pelos especialistas como a única potência nuclear do Médio Oriente, acusam há muito tempo a República Islâmica do Irão de tentar produzir armas nucleares, o que esta sempre negou.
Donald Trump informou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que Washington tinha enviado a Teerão uma "oferta razoável", segundo um breve comunicado do gabinete de Netanyahu.
Na semana passada, o Irão revelou que tinha recebido "elementos" de uma proposta norte-americana de acordo, mas que esta continha "numerosas ambiguidades".
O conteúdo da proposta norte-americana não é conhecido, mas o presidente do Parlamento iraniano, Mohammad-Bagher Ghalibaf, afirmou no último domingo que a proposta não abordava a questão do levantamento das sanções, que o Irão considera prioritária.
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