"Já passaram 15 horas desde que vimos ou ouvimos falar dos nossos amigos e colegas. Não nos foi permitido qualquer contacto", afirmou o grupo pró-palestiniano em comunicado, indicando que o "Madleen" transportava seis voluntários franceses, um neerlandês, um turco, uma sueca, um brasileiro, uma alemã e um espanhol.
"Obviamente, os meios de comunicação social israelitas afirmam que nenhum voluntário ficou ferido, mas o impacto psicológico de ser raptado à força por uma força militar que está a perpetrar genocídio em Gaza e outros crimes de guerra em todo o mundo, impedindo-os de contactar com os seus amigos, familiares e colegas na Flotilha, é ilegal, além de perturbador, e um atentado à solidariedade", argumentou a organização.
O grupo expressou a sua gratidão "a todos aqueles que lutam" pela sua equipa, embora sublinhe que a tripulação do "Madleen", devido ao privilégio dos seus passaportes, "provavelmente não será submetida à tortura horrível" que os "palestinianos enfrentam diariamente, alguns deles presos ilegalmente há décadas".
Nesse sentido, a Flotilha da Liberdade pede "pressão sobre os Estados para travar Israel".
O comunicado é acompanhado por fotografias das 12 pessoas que se encontravam no "Madleen", instando os cidadãos dos respetivos sete países a contactarem as suas embaixadas em Telavive para exigirem a libertação dos tripulantes.
O veleiro transportava a ativista climática sueca Greta Thunberg, bem como Suayb Ordu (Turquia), Thiago Ávila (Brasil), Sergio Toribio (Espanha), Marco van Rennes (Países Baixos), Yasemir Acar (Alemanha) e Baptiste Andre, Omar Faid, Pascal Maurieras, Reva Viras, Rima Hassan e Yanis M'hamdi (França).
As forças israelitas apreenderam o barco de ajuda humanitária e detiveram os ativistas que se encontravam a bordo na manhã de hoje, no âmbito do bloqueio de longa data que impuseram ao território palestiniano.
A Coligação Flotilha da Liberdade, que organizou a viagem, afirmou que os ativistas foram "raptados pelas forças israelitas" enquanto tentavam entregar ajuda desesperadamente necessária ao território.
"A embarcação foi abordada ilegalmente, a sua tripulação civil desarmada foi sequestrada e a sua carga vital --- incluindo leites infantis, alimentos e material médico --- foi confiscada", afirmou a organização em comunicado.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel indicou que a embarcação foi apreendida em águas internacionais a cerca de 200 quilómetros da Faixa de Gaza.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita descreveu a viagem como um golpe de relações públicas, afirmando numa publicação na rede social X que "o iate das 'selfies' das 'celebridades está a caminho, em segurança, das costas de Israel".
A diplomacia israelita referiu que os ativistas regressarão aos seus países de origem e que a ajuda seria enviada para a Faixa de Gaza através dos canais estabelecidos, fazendo circular imagens do que pareciam ser militares a distribuir sanduíches e água aos detidos, que usavam coletes salva-vidas cor de laranja.
A previsão é de que o veleiro seja dirigido para o porto de Ashdod e posteriormente, os ativistas serão mantidos num centro de detenção na cidade israelita de Ramle antes de serem deportados, segundo a Adalah, um grupo de defesa dos direitos humanos que os representa.
O "Madleen" procurava furar o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza desde março, antes de os militares israelitas quebrarem o cessar-fogo que vigorava com o grupo islamita palestiniano Hamas.
Desde então, Israel intensificou as suas operações no território, cuja quase totalidade da população ficou sob risco de fome, de acordo com a ONU.
O conflito na Faixa de Gaza foi desencadeado pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de duas centenas de reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou quase 55 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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