Vítimas de adoções ilegais na ditadura de Pinochet pedem banco de ADN

Vítimas de adoções ilegais cometidas no Chile durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) exigiram hoje celeridade na criação de um banco público de ADN que facilite o reencontro com as suas famílias, anunciado recentemente pelo Presidente Gabriel Boric.

Augusto Pinochet ditador

© Reuters

Lusa
06/06/2025 06:22 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Chile

Membros da Fundação Crianças e Mães do Silêncio celebraram em frente ao palácio presidencial La Moneda a medida conhecida no domingo, mas garantiram que o banco deverá ser criado antes do final do mandato de Boric, em março, ou a promessa "será esquecida".

 

"É uma medida muito importante, semelhante à que as Avós da Praça de Maio (na Argentina) têm, mas queremos que seja realmente implementada (...) Há muitas mães que estão a morrer, e isso deve ser feito agora", salientou Marisol Rodríguez, fundadora e porta-voz da organização não-governamental (ONG), à agência Efe.

Marisol Rodríguez procura o irmão, nascido e "dado como morto" em 1972 num hospital de Santiago.

A base de dados pública permitiria que qualquer pessoa com dúvidas sobre as suas origens consultasse a base de dados genética fora do tribunal, sem ter de recorrer a ações judiciais e abrir processos criminais.

"Há muitas pessoas adotadas que não tiveram um processo legal de adoção e que não querem envolver os seus supostos pais adotivos, mas que querem saber as suas origens", sublinhou Rodríguez.

A medida foi anunciada no domingo por Boric durante o seu discurso final de prestação de contas perante o Parlamento, mas os detalhes são ainda desconhecidos.

Embora estas práticas se registem desde a década de 1960, a grande maioria dos casos foi registada durante a ditadura.

Esta prática consolidou-se graças à participação de médicos, parteiras, juízes, notários, autoridades de imigração e líderes religiosos, e afetou sobretudo mães jovens e de baixos rendimentos.

Dos cerca de 20 mil menores chilenos adotados irregularmente por famílias estrangeiras, apenas mil foram reunidos com as suas famílias, segundo dados do poder judicial.

Estados Unidos, Suécia, Alemanha, França, Itália, Espanha e Países Baixos foram os principais destinos destas crianças.

María Inés Soto, que procura a filha desde 1967, admitiu à Efe que sentiu "emoções mistas" após o anúncio de Boric, "porque em 2020 [durante o segundo governo do conservador Sebastián Piñera] já havia uma tentativa de criar um banco público de ADN, foram recolhidas muito poucas amostras e lá ficaram".

"Esperamos que não seja o caso desta vez", garantiu.

As primeiras denúncias vieram a público em 2014, mas só em 2018 é que a justiça chilena abriu uma investigação sobre um dos episódios mais negros da ditadura.

Esta semana marcou um marco judicial importante, uma vez que, pela primeira vez, um juiz conseguiu provar a existência de uma rede ilegal de adoção durante o regime e processou as primeiras cinco pessoas por rapto ilegal de crianças.

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