Em conferência de imprensa em Varsóvia, o primeiro-ministro e líder da Plataforma Cívica (PO), Donald Tusk, juntou-se a Szymon Holownia, da Polónia 2050, a Wlodzimierz Czarzasty, da Esquerda, e a Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, do Partido Popular, numa declaração de disponibilidade para prolongar a coligação e superar a moção de confiança apresentada pelo chefe do executivo na sequência das eleições presidenciais, a ser votada no parlamento no dia 11 de junho.
Kosiniak-Kamysz, vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa, afirmou que, após a vitória eleitoral de Nawrocki, "não houve qualquer disputa" interna, mas apenas "uma discussão sobre a estratégia a adotar, quais os projetos mais importantes para os eleitores", bem como a confirmação de que os partidos da coligação, que junta os liberais de Tusk a democratas-cristãos e a esquerda parlamentar, partilham "um denominador comum".
Por seu lado, Holownia, que preside ao parlamento, afirmou que "esta reunião vai convencer os eleitores de que não se está apenas a tirar conclusões do que está a acontecer, mas, ao mesmo tempo, existe um plano muito concreto" para os próximos dois anos.
O primeiro ponto acordado é a remodelação do Governo, com a eliminação de algumas pastas e a substituição de alguns ministros.
Segundo Czarzasty, todos os líderes concordaram com a remodelação, embora se tenham dado um prazo de "um mês, um mês e meio" para se prepararem e unificarem as suas posições.
Além disso, serão implementadas "mudanças significativas na estratégia de comunicação do Governo", que, como explicou Holownia, incluirão "a nomeação de um porta-voz", figura que não existia até agora, e "serão realizadas reuniões semanais para discutir os assuntos mais importantes".
Por fim, os líderes partidários concordaram que o discurso de Donald Tusk, em 11 de junho, para apresentar a moção de confiança no parlamento, será consultado e acordado com os parceiros da coligação e irá incluir "conteúdos programáticos e compromissos importantes para todos".
Relativamente aos projetos de lei sobre o aborto, uma questão fraturante na Polónia, foi indicado que o seu destino final dependerá das discussões dos líderes e do resultado dessas negociações, aguardando a sua possível inclusão num novo acordo de coligação.
O candidato presidencial apoiado pelo Governo, o liberal Rafal Trzaskowski, foi derrotado tangencialmente por uma pequena margem no domingo pelo conservador nacionalista Karol Nawrocki, que, apesar de independente, tinha o apoio da Lei e Justiça (PiS), o maior partido de oposição.
O PiS foi afastado do Governo, ao fim de oito anos consecutivos, no seguimento das legislativas de outubro de 2023, quando Donald Tusk formou uma coligação pós-eleitoral com maioria no parlamento.
Nawrocki, um historiador admirador do Presidente norte-americano, Donald Trump, é um eurocético e usa um discurso nacionalista e conservador mais radical do que o Presidente cessante, Andrzej Duda, também apoiado pelo PiS e que atingiu o limite de mandatos.
Os analistas esperam que Nawrocki use ainda mais o poder de veto presidencial do que o seu antecessor, para restringir as políticas liberais do executivo, que incluem a reversão da controversa reforma da justiça encetada pelo Governo anterior, que era acusado de deriva autoritária e mantinha uma postura de confrontação com a União Europeia.
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