O volte-face na relação entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e o empresário Elon Musk tem estado nas bocas do mundo – incluindo na Rússia. De facto, foram várias as personalidades que, com alguma ironia à mistura, asseguraram que aquele país poderá oferecer “asilo político” ao bilionário sul-africano.
“Penso que Musk está a jogar um jogo completamente diferente e não precisará de asilo político. Embora, se precisasse, a Rússia pudesse certamente fornecê-lo”, disse o vice-presidente da Comissão de Assuntos Internacionais da Duma, Dmitry Novikov, à agência Tass.
Estas declarações surgiram depois de o aliado de Trump, Stephen K. Bannon, ter apelado a uma “investigação formal” ao estatuto de imigrante do dono da Space X.
“Estou convencido de que se trata de um estrangeiro ilegal e que deve ser imediatamente deportado do país”, argumentou, citado pelo New York Times.
Já o ex-presidente da Rússia e atual vice-presidente do Conselho de Segurança do país, Dmitry Medvedev, garantiu que o Kremlin poderá “facilitar a conclusão de um acordo de paz entre D e E por uma taxa razoável e a aceitar ações da Starlink como pagamento”.
“Não lutem, malta!”, escreveu, na rede social X (Twitter).
We are ready to facilitate the conclusion of a peace deal between D and E for a reasonable fee and to accept Starlink shares as payment. Don't fight, guys!
— Dmitry Medvedev (@MedvedevRussiaE) June 6, 2025
Também o antigo diretor da agência espacial russa Roscosmos, Dmitry Rogozin, se juntou às demonstrações (provocatórias) de apoio, ao sugerir que Musk integrasse o lado russo na guerra contra a Ucrânia.
“Elon, não fique chateado! É respeitado na Rússia. Se nos Estados Unidos tiver problemas insuperáveis, venha ter connosco e torne-se um de nós - um combatente ‘Bars-Sarmat’. Aqui encontrará camaradas de confiança e total liberdade de criatividade técnica”, escreveu, no X.
Elon @elonmusk , don't be upset! You are respected in Russia. If you encounter insurmountable problems in the US, come to us and become one of us - a "Bars-Sarmat" fighter. Here you will find reliable comrades and complete freedom of technical creativity.
— ROGOZIN (@Rogozin) June 6, 2025
Aliás, o magnata nacionalista Konstantin Malofeyev equacionou que agora seria “a melhor altura para contra-atacar”.
“Podemos ficar contentes por não terem tempo para nós”, disse.
“Porque é que não nos podemos dar todos bem?”, questionou ainda Kirill Dmitriev, chefe do fundo soberano da Rússia, no X. Depois, perguntou ao Grok, o chatbot de IA da rede social, como é que Musk e Trump podiam reconciliar-se.
Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, apontou que o arrufo se tratava de um assunto interno dos Estados Unidos, ainda que se tenha mostrado confiante de que Trump lidará com o assunto.
“Os presidentes lidam com um grande número de coisas diferentes ao mesmo tempo, algumas mais e outras menos importantes”, disse, citado pela agência Reuters.
Recorde-se que Trump confessou estar "muito desapontado" com Musk, depois de este o ter criticado pela assinatura da proposta orçamental, que contempla cortes de impostos e planos de despesas.
O chefe de Estado sugeriu que Musk, que se afastou do governo em maio, depois de dirigir o tumultuoso Departamento da Eficiência Governamental, sente falta de estar na Casa Branca e sofre da "síndrome de desarranjo Trump".
O magnata atribuiu ainda o afastamento de Musk ao descontentamento deste com a sua intenção de eliminar o crédito fiscal para viaturas elétricas, algo que, disse, era do conhecimento do empresário.
Musk, por seu turno, negou estas afirmações e classificou a medida como uma "abominação" desastrosa para as finanças públicas.
Entretanto, o pioneiro dos veículos elétricos caiu 14,26%, perdendo 150 mil milhões de capitalização bolsista, no seguimento do confronto entre os dois milionários.
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