A 17 de abril, os Estados Unidos atacaram este porto, um dos três que operam na cidade de Hodeida e por onde transita cerca de 80% da ajuda humanitária ao Iémen, no âmbito da campanha militar contra os Huthis, o grupo rebelde apoiado pelo Irão que controla grande parte do país.
"A decisão dos EUA de atacar o porto de Ras Issa, um ponto de entrada crucial para a ajuda humanitária no Iémen, quando centenas de trabalhadores estavam presentes, demonstra uma indiferença cruel para com a vida dos civis", acusou o investigador da Human Rights Watch (HRW) para o Iémen e o Bahrein, Niku Jafarnia, em comunicado.
Fontes da HRW no país afirmaram que os Huthis ameaçaram e terão detido pessoas em zonas afetadas por ataques norte-americanos por falarem com a imprensa e com organizações não-governamentais, dificultando a verificação da informação.
O Comando Central dos EUA declarou, a 17 de abril, a propósito dos ataques, que "as forças norte-americanas tomaram medidas para eliminar uma fonte de combustível dos terroristas Huthis apoiados pelo Irão e privá-los de receitas ilegais que financiaram os seus esforços para aterrorizar toda a região durante mais de 10 anos".
O objetivo dos ataques foi "degradar a fonte de poder económico" dos Huthis, argumentou a mesma fonte.
A HRW sublinhou, no entanto, que o direito internacional humanitário aplicável durante os combates no Iémen proíbe ataques deliberados, indiscriminados ou desproporcionados contra civis e objetos civis.
Um ataque que não seja dirigido a um objetivo militar específico é considerado indiscriminado e é desproporcional se a perda civil esperada for excessiva em comparação com o ganho militar.
Atacar o depósito de combustível do porto por ser uma "fonte de poder económico dos Huthis" ou por lhes proporcionar receitas tornaria praticamente todas as entidades que forneçam benefícios económicos num alvo de ataque militar, alertou a organização.
"Os recentes ataques aéreos dos EUA ao Iémen são apenas os últimos a causar danos a civis no país nas últimas duas décadas", afirmou Jafarnia.
"A administração Trump deve reverter as práticas norte-americanas anteriores e compensar prontamente aqueles que sofreram danos ilícitos", acrescentou.
Estes bombardeamentos começaram a 15 de março e continuaram até 06 de maio, quando o Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou ter chegado a um acordo com os rebeldes.
O Departamento de Defesa dos EUA afirmou ter realizado mais de mil ataques entre 15 de março e 29 de abril.
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