"Vimos três corpos sem vida, numa zona lá no interior de 5.º Congresso", disse à Lusa uma fonte a partir de Macomia, acrescentando que as vítimas foram encontradas numa zona de produção agrícola.
Segundo a fonte, não foi possível confirmar se eram corpos de militares ou de alegados terroristas, que esta terça-feira se envolveram numa troca de tiros próximo a base Catupa, onde existe uma posição militar.
"Houve tiroteio lá e soubemos de baixas entre as partes", acrescentou.
Um membro da Força Local confirmou à Lusa que houve tentativa de invasão dos rebeldes à base de Catupa: "Houve sim tentativa de invasão dos terroristas, mas não sei dizer se houve ou não mortes de ambas as partes".
O grupo extremista Estado Islâmico reivindicou na quarta-feira um ataque, no dia anterior, a um acampamento do Exército moçambicano em Macomia, Cabo Delgado, afirmando que provocou a morte de pelo menos dez militares.
Numa informação colocada nos seus canais de propaganda, o Estado Islâmico afirma que o ataque aconteceu na terça-feira, documentando a reivindicação, não confirmada pelas autoridades moçambicanas, com uma fotografia.
Acrescenta que o acampamento militar foi destruído neste alegado ataque, o segundo, assegura o grupo extremista, em menos de um mês, depois de outro do género em Muidumbe, que afirma ter provocado 11 mortos entre o Exército moçambicano.
Estes ataques, embora em menor escala, têm vindo a recrudescer nos últimos meses, coincidindo com a anunciada intenção da petrolífera TotalEnergies de retomar o megaprojeto de produção de Gás Natural Liquefeito em Cabo Delgado, avaliado em 20 mil milhões de dólares (17,7 mil milhões de euros).
Em abril registaram-se ataques destes grupos, também, numa reserva da província vizinha de Niassa, com pelo menos dois mortos.
Já este mês um navio oceanográfico russo foi alvo, no mar, de um ataque armado de autoria desconhecida, numa zona de Cabo Delgado habitualmente alvo de ataques de grupo terroristas a pescadores locais.
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico, que chegaram a provocar mais de um milhão de deslocados.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos na província, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.
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