Apesar do anúncio de uma pausa de 90 dias para a maior parte dos países visados inicialmente pela instauração de taxas alfandegárias elevadíssimas, anunciadas em abril, por Trump, a decisão deste incitou a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em Inglês) a acelerar a diversificação dos seus fluxos comerciais.
Esta cimeira, que decorreu hoje na capital malaia, juntou pela primeira vez os 10 Estados membros da ASEAN com a China, que esteve representada pelo primeiro-ministro, Li Qiang, e o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), que agrega Arábia Saudita, Barém, Emiratos Árabes Unidos, Koweit, Omã e Qatar.
Ao fim do dia, a ASEAN publicou uma declaração em que exprime a sua "profunda preocupação com a imposição unilateral de taxas alfandegárias, que expõe o seu crescimento económico, a sua estabilidade e a sua integração a desafios complexos e multidimensionais".
Em outro comunicado, a ASEAN sublinhou a sua "determinação sólida em permanecer unida", face às taxas alfandegárias, comprometendo-se a alargar a cooperação com outros parceiros.
A China e a ASEAN já são os principais parceiros comerciais mutuamente e as exportações chinesas para Tailândia, Indonésia e Vietname aumentaram acentuadamente em abril, fenómeno atribuído ao reencaminhamento das exportações chinesas originalmente destinadas aos EUA.
Por outro lado, a ASEAN assegurou hoje que não vai impor taxas alfandegárias às importações vindas dos EUA, em represália, como fez a China.
O primeiro-ministro malaio, Anwar Ibrahim, prometeu, porém, que a ASEAN vai continuar a dialogar com Washington e Pequim.
"A posição da ASEAN é central", realçou Anwar, que acrescentou: "Se isso significar trabalhar com os chineses, sim, vamos fazê-lo".
Entretanto, "é lógico continuar a manter relações razoavelmente boas com os EUA", sublinhou.
O diálogo com Washington é particularmente importante, porque a Malásia tornou-se uma placa giratória de semicondutores, disse.
Os semicondutores tornaram-se um ponto central das restrições impostas pelos EUA, que procura impedir a China de disputar o seu domínio na inteligência artificial.
Na segunda-feira, Anwar revelou que tinha escrito a Trump para sugerir a realização de uma cimeira ASEAN-EUA. O Ministério dos Negócios Estrangeiros avançou que este ainda não tinha respondido.
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