"No que diz respeito à Rússia e à Ucrânia, se me perguntarem, eu voltaria novamente para os nossos amigos turcos: Istambul está a sair-se muito bem", disse Lavrov em conferência de imprensa, em Moscovo após receber o chefe da diplomacia de Ancara.
Fidan indicara hoje que o seu país está disponível para voltar a acolher uma nova ronda de negociações entre russos e ucranianos na cidade de Istambul, argumentando que é "uma obrigação garantir a paz no planeta".
A escolha de Istambul pela Rússia como sede do processo negocial tem "grande importância" para as relações entre os dois países, disse Fidan no início do encontro com Lavrov.
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco considerou que os laços bilaterais históricos garantem "paz, estabilidade e bem-estar" na região e em todo o mundo, e salientou ainda a receção no dia anterior concedida pelo Presidente russo, Vladimir Putin.
Na semana passada, o chefe da diplomacia russa rejeitou o Vaticano como alternativa para palco das negociações, uma opção apoiada pelo Papa Leão XIV, pela Ucrânia e pelos Estados Unidos.
"É deselegante que dois países ortodoxos discutam questões relacionadas com a eliminação das causas profundas [do conflito) numa plataforma católica", argumentou.
De acordo com relatos da imprensa internacional, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco viajará também para Kiev para discutir a próxima ronda de negociações em Istambul.
Em 16 de maio, Istambul acolheu a primeira ronda de negociações diretas entre a Rússia e a Ucrânia desde abril de 2022, mas não se registaram progressos significativos.
A Rússia, cujo Exército ocupa quase 20% do território ucraniano, continua a impor as suas exigências maximalistas, que implicam o reconhecimento de quatro regiões parcialmente ocupadas (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia) e a península anexada da Crimeia, a desmilitarização do país vizinho e a recusa da sua adesão à NATO.
Por seu lado, Kiev, mais os seus aliados ocidentais, exige uma trégua antes de conversações de paz com o Presidente russo, Vladimir Putin, e não abdica da soberania sobre as regiões parcialmente ocupadas.
Fidan declarou antes de se deslocar a Moscovo que a Turquia, que condenou a anexação da península da Crimeia pela Rússia, defende uma "paz justa e duradoura" no conflito.
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