A demissão do diretor tem efeitos imediatos mas o trabalho da Fundação Humanitária de Gaza (GHF) vai continuar, afirmou hoje a organização em comunicado.
O diretor executivo da GHF demissionário, Jake Wood, afirmou hoje que não acreditava que fosse possível implementar o plano da organização para ajudar Gaza "respeitando rigorosamente" os princípios humanitários de humanidade, neutralidade, imparcialidade e independência.
A organização com sede em Genebra, criada há poucos meses, anunciou a 14 de maio que pretendia distribuir cerca de 300 milhões de refeições no território palestiniano durante um período inicial de 90 dias.
As Nações Unidas e várias organizações não-governamentais acusaram a fundação de estar a colaborar com Israel na guerra contra o movimento islamita Hamas e rejeitaram participar nas operações. A ONU declarou que o novo organismo não respeitava os princípios de imparcialidade, neutralidade e independência.
A organização não-governamental Trial International, anunciou na sexta-feira que tinha pedido às autoridades suíças que abrissem um inquérito administrativo para determinar se a GHF estava a cumprir a lei, em particular no que diz respeito à utilização prevista de empresas de segurança para transportar a ajuda dos pontos de passagem para os locais de distribuição.
Entretanto, a GHF disse que as operações da fundação agendadas para hoje vão ser executadas.
"Os nossos camiões estão carregados e prontos para partir. A partir de segunda-feira, 26 de maio (hoje), a GHF vai começar a entregar ajuda diretamente em Gaza, chegando a mais de um milhão de palestinianos até ao final da semana. Planeamos intensificar rapidamente os nossos esforços para ajudar toda a população nas próximas semanas", anunciou a GHF.
Segundo a Agência France Presse não se verificou, até ao momento, a confirmação de que a GHF pode lançar as operações durante as próximas horas.
A forma como a ajuda da GHF vai eventualmente ser distribuída em Gaza ainda não foi detalhada.
Após uma trégua de dois meses, Israel retomou a ofensiva na Faixa de Gaza em meados de março e intensificou as operações militares em 17 de maio.
O ataque do Hamas a Israel em 07 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra em Gaza, causou a morte de 1.218 pessoas do lado israelita, na maioria civis.
Das 251 pessoas raptadas na altura, 57 continuam detidas em Gaza.
Mais de 53.939 habitantes de Gaza, na maioria civis, foram mortos pela campanha militar israelita, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados fiáveis pelas Nações Unidas.
Leia Também: Israel diz terem sido disparados "três projéteis" a partir de Gaza