Aquando do início da ofensiva, o Governo de Benjamin Netanyahu impôs a proibição total de vistos de trabalho a quase 115 mil palestinianos, de cujos rendimentos dependiam "muitas famílias numerosas", alertam as organizações humanitárias, incluindo a israelita Gisha.
"Ao fim de mais de um ano, não faz sentido proibir os trabalhadores palestinianos que estão empregados há muito tempo em Israel de regressar aos seus empregos", referem no relatório, publicado hoje.
De acordo com o Instituto Palestiniano de Investigação de Política Económica, que cita este relatório, no segundo trimestre de 2023, cerca de 160.000 palestinianos foram empregados por israelitas, a maioria em Israel e uma minoria em colonatos israelitas, representando 18,4% da força de trabalho da Cisjordânia. No entanto, no segundo trimestre de 2024, este número desceu para cerca de 27.300, representando apenas 4% dos trabalhadores da Cisjordânia.
Em consequência, a taxa de desemprego na Cisjordânia no final de setembro de 2023 (antes da guerra) era de 12,9%, enquanto no final de setembro do ano passado era de 30,7%.
"O desemprego prolongado na Cisjordânia está a desintegrar famílias incapazes de suportar o fardo da escassez e da incerteza. Impede os jovens de terem acesso à educação, dada a incapacidade de financiar as propinas, e prende milhares de pessoas em empréstimos, levando inevitavelmente a dívidas enormes", acrescenta.
Os autores do estudo observam que, enquanto Israel ocupar e controlar a maioria destes territórios palestinianos ocupados, será "responsável pelo direito dos residentes palestinianos de ganhar a vida e viver com dignidade".
"Antes da guerra, trabalhava em Jerusalém, ganhando 7.000 shekels por mês (cerca de 1.700 euros). O meu empregador tratava-me de forma justa e pagava-me a tempo. Chegou a pedir-me para voltar a trabalhar, mas recusei porque é perigoso entrar em Israel sem autorização. Hoje, se encontrar trabalho [na Cisjordânia], não é permanente. Pagam cerca de 80 shekels por dia (cerca de 20 euros), e eu sustento toda a minha família: a minha mulher, os meus quatro filhos, a minha mãe e a minha tia, que vive connosco", disse um dos 25 ex-trabalhadores palestinianos entrevistados pela agência noticiosa Efe.
Além disso, o estudo observa que a proibição de entrada de trabalhadores palestinianos no país prejudicou a economia israelita, "que sofre com a escassez de trabalhadores palestinianos qualificados e experientes".
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