"Este inferno deve acabar imediatamente e sem condições", afirmou Mustafa no seu discurso na cimeira do Grupo de Madrid, que reúne na capital espanhola representantes de 20 países europeus e árabes para promover a solução de dois Estados.
"Declarámos oficialmente Gaza como zona de fome. A comunidade internacional deve agora atuar com a urgência e a seriedade que tal declaração exige", disse Mustafa na conferência presidida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares.
Mustafa acusou Israel de cometer "crimes de guerra claros e contínuos" com "a negação deliberada de alimentos e ajuda, o bombardeamento incessante e a destruição de todos os elementos da vida" em Gaza.
A situação na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental é "igualmente grave", com a expansão dos colonatos, o "terrorismo impune dos colonos", a destruição de casas e a "deslocação maciça" da população.
O político palestiniano congratulou-se com as medidas tomadas esta semana pela União Europeia (UE) e pelo Reino Unido, entre outros, para pressionar Israel face ao sofrimento da população após uma série de ataques na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
Apelou ainda à "intensificação" desses esforços para que tenham mais "efeito" em Israel, tomando "medidas urgentes e decisivas para quebrar o cerco na Faixa de Gaza" e permitindo a entrada de ajuda humanitária "por terra, mar e ar".
Mustafa recordou que esta quarta-feira se assinala o primeiro aniversário do reconhecimento da Palestina como Estado por parte de Espanha, o que descreveu como "um investimento moral e estratégico na causa da paz e da justiça".
O líder palestiniano espera que, na sequência da cimeira de Madrid, seja exercida uma maior pressão sobre Israel na conferência de alto nível da ONU sobre a solução de dois Estados, prevista para 17 de junho em Nova Iorque.
"Espera-se a participação de mais de 100 países (...) e esperamos que seja uma plataforma fundamental para nos aproximar da paz", disse o primeiro-ministro palestiniano aos jornalistas.
Desde o início da guerra, na sequência dos ataques do Hamas contra Israel a 07 de outubro de 2023, pelo menos 53.939 pessoas morreram e 122.797 ficaram feridas no território palestiniano sitiado, segundo um balanço do Ministério da Saúde do Governo do Hamas de Gaza, considerados fiáveis pela ONU.
O ataque dos comandos do Hamas em Israel resultou na morte de 1.218 pessoas do lado israelita, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
Das 251 pessoas raptadas nesse dia, 57 permanecem em Gaza, das quais pelo menos 34 estão mortas, segundo as autoridades israelitas.
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