O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, admitiu, esta quarta-feira, numa conferência de imprensa, em Jerusalém, que o país estará "aberto" a um "acordo de cessar-fogo temporário".
No entanto, Benjamin Netanyahu afirmou que esse cessar-fogo só acontecerá se "houver oportunidade para tal" e exige "uma troca de reféns". Se assim for, "Israel estará aberto" a uma possível cessar-fogo.
Na conferência de imprensa, o primeiro-ministro salientou também que "toda a Faixa de Gaza estará sob controlo das forças de segurança de Israel" e adiantou que o líder do Hamas, Mohammed Sinwar, "aparentemente" foi morto.
De acordo com o The Times of Israel, Netanyahu notou que estão ainda 20 reféns vivos e "38 corpos" em Gaza, tendo sublinhado que trarão "todos de volta" a Israel.
Netanyahu destacou que Israel tem "um plano muito organizado" para alcançar os seus objetivos e que a guerra "tem um propósito claro e justificado": "Derrotar o Hamas que realizou as atrocidades do 7 de outubro de 2023, trazer de volta todos os reféns e assegurar que Gaza não é uma ameaça ao país".
O israelita advertiu, entretanto, ser preciso "evitar uma crise humanitária" para manter "a liberdade operacional de ação" dos militares israelitas, alegando que a intensificação dos ataques e as restrições à entrada de ajuda aos habitantes do território provocaram uma vaga de condenação internacional.
Reiterou igualmente que a população da Faixa de Gaza está a ser transferida para sul, à medida que os militares vão assumindo o controlo do território.
Será nesta área "limpa do Hamas" que os habitantes deverão receber ajuda humanitária, referiu, dois dias depois de os primeiros camiões de transporte terem sido autorizados a entrar no enclave, ao fim de mais de dois meses de bloqueio, mas que as Nações Unidas consideraram "uma gota no oceano" face às enormes necessidades.
Benjamin Netanyahu insistiu que Israel implementará o plano do Presidente norte-americano, Donald Trump, para a Faixa de Gaza quando a guerra terminar, o que condicionou à expulsão do Hamas do enclave e se houver "condições claras que garantam a segurança de Israel", além da libertação dos reféns detidos no enclave desde outubro de 2023.
Ainda a propósito do líder da Casa Branca, Benjamin Netanyahu negou uma rutura, após a recente viagem de Trump ao Médio Oriente.
"Nós coordenamos, dialogamos, respeitamos os interesses deles, eles respeitam os nossos, e há um ponto em comum", comentou, adicionando que não tem objeções ao aprofundamento dos laços de Washington com o mundo árabe.
O primeiro-ministro acrescentou a propósito que as iniciativas de Trump poderão "ajudar a promover os Acordos de Abraão" de normalização de Israel com os países árabes, patrocinados por Trump no primeiro mandato, reforçando palavras no mesmo sentido hoje do chefe da diplomacia de Washington, Marco Rubio.
Numa mensagem aos países europeus, que endureceram nos últimos dias o discurso contra Israel, Netanyahu avisou que não se deixará influenciar nem condicionar os objetivos na Faixa de Gaza.
E pretende também opor-se a qualquer iniciativa que leve ao reconhecimento do Estado palestiniano, porque seria "uma sorte grande" para o Hamas, nem que implique o custo de sanções para Israel.
"Continuaremos a fazer o que for necessário para completar a guerra", afirmou.
Note-se que esta conferência de imprensa do primeiro-ministro israelita foi a primeira desde dezembro de 2024.
De recordar que, no fim de semana, Israel iniciou uma nova operação terrestre e aérea no território, após vários dias consecutivos de bombardeamentos que provocaram centenas de mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas.
O conflito foi desencadeado pelos ataques liderados pelo grupo islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de duas centenas de reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 53 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
[Notícia atualizada às 21h08]
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