Carla Zambelli, uma deputada brasileira que fugiu para Itália após ser condenada a 10 anos de prisão, foi detida, esta terça-feira, pelas autoridades italianas. A denúncia foi feita por um deputado italiano.
Segundo a imprensa brasileira, que cita o Ministério da Justiça do país, a deputada, uma das apoiantes radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi detida na sua habitação em Roma, onde tentava fixa residência para evitar a detenção, apesar de ser procurada pela Interpol.
Na rede social X, o deputado italiano Angelo Bonelli, do Alleanza Verdi e Sinistra, confirmou que foi ele que revelou a localização da brasileira às autoridades.
"Carla Zambelli está num apartamento em Roma. Forneci o endereço à polícia. Neste momento a polícia está a identificá-la", escreveu.
Carla #Zambelli e’ in una casa a Roma. Ho comunicato alla polizia l’indirizzo ed in questo momento la polizia ha identificato Zambelli.
— Angelo Bonelli (@AngeloBonelli1) July 29, 2025
Carla Zambelli está em um apartamento, em Roma. Forneci o endereço à polícia, neste momento a polizia esta identificando Zambelli. pic.twitter.com/UWDg3j7Hen
Já no passado dia 16 de julho, o deputado tinha afirmado no parlamento italiano que considerava "inadmissível que se use a cidadania italiana para se declarar intocável".
"Francamente, considero inadmissível que se use a cidadania italiana para se declarar intocável. É inadmissível. Isto vale para qualquer cidadão italiano, não apenas para ela [Carla Zambelli]", disse o deputado, de 62 anos, lamentando ainda que a brasileira "viva tranquilamente" apesar dos crimes que cometeu.
Em 14 de maio, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou, por unanimidade, a deputada 'bolsonarista' a dez anos de prisão, considerando-a a mentora da invasão ao sistema informático do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nas vésperas das eleições de 2022, quando o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, derrotou o líder de extrema-direita, Jair Bolsonaro, que procurava a reeleição.
O ataque serviria para desacreditar o sistema judicial e incitar atos antidemocráticos, de acordo com a acusação.
Numa entrevista a uma rádio local, Carla Zambelli afirmou que é perseguida pelo que chamou de "ditadura judicial" liderada pelos juízes do STF brasileiro e que, segundo a mesma, a condenaram sem nenhuma prova. "Eu não roubei, não violei, não matei", declarou a parlamentar.
O juiz relator do caso no STF, Alexandre de Moraes, determinou o bloqueio dos passaportes da deputada, o bloqueio de salários e outras verbas, bloqueio dos canais e perfis em redes sociais e a inclusão, pela Polícia Federal, da parlamentar na lista vermelha da Interpol, entre outras medidas.
Zambelli também enfrenta acusações em outros processos, incluindo um caso em que perseguiu um apoiante de Lula da Silva com uma arma em punho pelas ruas de São Paulo, na véspera das eleições presidenciais de outubro de 2022.
De acordo com a lei italiana, a extradição de cidadãos italianos é proibida, a menos que esteja prevista em tratado internacional.
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