"Nas últimas 24 horas, não foi relatado qualquer incidente. Pela primeira vez, os residentes conseguiram dormir sem ouvir explosões ou tiros", disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) um responsável do Ministério do Interior da Líbia, acrescentando que "a situação caminha para um cessar-fogo entre os grupos armados".
A mesma fonte relatou uma retirada nas últimas horas de dezenas de tanques e carrinhas equipadas com metralhadoras, "um desenvolvimento positivo e um sinal de boas intenções".
A maioria dos negócios --- postos de abastecimento de combustível, padarias, mercados --- reabriu hoje ao ritmo normal para o início do fim de semana em Tripoli.
As autoridades mobilizaram equipas para limpar as ruas de bloqueios, nomeadamente veículos queimados, e os escombros de edifícios e lojas atingidos por projéteis e lança-foguetes.
Os voos foram também retomados em Mitiga, o único aeroporto que serve a capital líbia.
Os primeiros confrontos começaram na segunda-feira após o assassínio, segundo a sua família, de Abdelghani al-Kikli, chefe do Sistema de Apoio e Estabilidade (SSA), um grupo armado com sede no sul da cidade que se tornou bastante poderoso e uma alegada ameaça ao chefe do Governo líbio, Abdelhamid Dbeibah.
Uma segunda vaga de confrontos, ainda mais violenta, colocou a Brigada 444, afiliada a Dbeibah, contra a Força Radaa até quarta-feira à noite, após o anúncio da dissolução deste influente grupo que controla o leste de Tripoli e o aeroporto.
Minada por lutas fratricidas desde a queda e morte do ditador Muammar Kadhafi, em 2011, a Líbia é governada por dois executivos paralelos: o do Dbeibah no oeste reconhecido pela ONU e outro no leste, controlado pelo marechal Khalifa Haftar.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu a "todas as partes que mantenham a trégua e a fortaleçam através do diálogo", lamentando o facto de os combates, marcados por "fogo de artilharia em áreas densamente povoadas", terem feito "pelo menos oito mortos".
Considerou também alarmante a presença em Tripoli de "grupos armados de fora" da capital.
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