"Não só o mandado [ainda está em vigor], mas também o procedimento, a acusação, a jurisdição" onde o caso está a ser investigado, disse, na sexta-feira, Siles à televisão pública Bolivia TV.
Horas antes, numa nova decisão judicial, assinada pelo juiz Franz Zabaleta, da capital La Paz, determinou que o mandado de detenção contra Morales cotinua ativo.
A decisão judicial de Zabaleta estabelece que, "como medida de precaução, é ordenada a suspensão temporária da execução de todas as decisões adotadas" no caso.
O juiz escreveu ainda que a "medida de precaução" permanecerá em vigor "até que esta reclamação seja resolvida".
Um dos advogados de Morales, Wilfredo Chávez, condenou a decisão como "antinatural e, obviamente, (...) motivada por pressões políticas".
Evo Morales afirmou que a decisão de Zabaleta "é uma expressão" do "desespero" do Governo do Presidente Luis Arce, antigo ministro da Economia na equipa de Morales, e atacou Zabaleta, que "tem um historial terrível".
Morales manifestou confiança de que a sua liberdade "está garantida", confirmando que a 16 de maio marchará até La Paz para se registar como candidato a um quarto mandato à frente do país andino nas eleições presidenciais de 17 de agosto.
Isto apesar de uma decisão do Tribunal Constitucional ter confirmado, no final de 2024, que um presidente não pode exercer mais de dois mandatos.
Na quarta-feira, a juíza Lilian Moreno anulou o mandado de captura emitido contra Evo Morales, relacionado com um alegado caso de tráfico de uma menor quando era chefe do país em 2015.
Em outubro, o Ministério Público ordenou a detenção do líder indígena de 65 anos. Evo Morales refugiou-se então no reduto de Chapare, no centro do país, onde a polícia nunca interveio para o prender.
A decisão da juíza, divulgada pela defesa, estabeleceu que "todas as ordens de rebelião e mandados de captura judicial [contra Morales] são canceladas".
O advogado de Morales, Nelson Cox, disse que tinha solicitado que o caso, a ser julgado em Tarija, no sul da Bolívia, fosse ouvido por um juiz natural em Villa Tunari, na região central de Cochabamba, o bastião político e sindical de Morales.
Primeiro chefe de Estado boliviano de origem indígena, Morales é acusado de tráfico de uma menor devido a um suposto acordo feito com os pais.
A Procuradoria afirmou que em 2015 Morales teve um relacionamento com uma jovem de 15 anos, da qual nasceu uma filha, um ano depois, com o consentimento dos pais em troca de benefícios.
O antigo dirigente (2006-2019) sempre rejeitou estas acusações e lembrou que um inquérito sobre os mesmos alegados factos foi arquivado em 2020.
Leia Também: Juíza anula mandado de captura contra antigo presidente Evo Morales