1.º Maio. Milhares manifestam-se em Paris contra "catástrofe" política

Milhares de pessoas manifestam-se hoje em Paris contra uma "catástrofe" política do Governo francês sobre os direitos dos trabalhadores, num 1.º de Maio marcado por manifestações em toda a França.

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© ALAIN JOCARD/AFP via Getty Images

Lusa
01/05/2025 16:38 ‧ há 3 horas por Lusa

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"O 1.º de Maio é simbólico. É a festa dos trabalhadores, mas não dos trabalhadores que trabalham, mas dos trabalhadores que lutam. A situação, tanto em França quanto no mundo, é tão catastrófica e inadmissível que temos de estar na rua", disse à agência Lusa Catherine, de 68 anos e reformada.

 

Enquanto reformada, Catherine afirmou que aproveita "as vantagens sociais" e "gostaria que as gerações jovens tivessem os mesmos direitos", já que a política atual do Governo em matéria de direitos dos trabalhadores "é uma catástrofe".

O cortejo, organizado por vários sindicatos, como a Confederação Geral do Trabalho (CGT), Federação Sindical Unitária (FSU) e Solidaires, cada um com a sua carrinha decorada para o percurso, saiu da Place d'Italie, no 13.º bairro da capital francesa, às 14:00 locais (13:00 de Lisboa) em direção à Place de la Nation, a cerca de quatro quilómetros.

O líder da França Insubmissa (LFI, esquerda radical), Jean-Luc Mélenchon, discursou antes do desfile, apelando à queda do atual Governo de centro-direita do primeiro-ministro francês, François Bayrou.

"Com todas as leis, o Governo retira dos trabalhadores a possibilidade de se defenderem, não compensam o emprego e tudo se torna muito estrito para fazer economia. E os jovens, como os mais velhos, sofrem em questão de serem mal pagos e não terem trabalho", afirmou Catherine.

A francesa, que participou em "muitas manifestações do 1.º de Maio", acredita que este ano "há muita gente" na rua, "há tantos jovens quanto velhos".

Porém, para Catherine, "honestamente esta manifestação será apenas mais uma", embora gostasse que pudesse mudar alguma coisa.

Em França, foram registadas mais de 250 manifestações, algumas com registo de incidentes entre os participantes. A CGT reivindica mais de 250.000 manifestantes por todo o país.

Durante a tarde, em que as temperaturas estiveram perto dos 30º em Paris, as autoridades esperavam entre 10.000 a 15.000 pessoas, prevendo distúrbios provocados não pelos organizadores, mas por grupos extremistas, num dia em que também é tradição vender-se nas ruas a chamada flor da sorte, lírio-do-vale.

Com palavras de ordem sobre pensões, salários, paz e contra a extrema-direita, várias pessoas levaram bandeiras da Palestina, Líbano, França e LGBTQIA+ para o percurso que foi acompanhado de tambores e apitos.

Além disso, alguns participantes tinham cartazes impressos e escritos à mão com as frases: "Acabar com o genocídio", "Resposta popular", "Macron não quer saber da tua guerra", "guerras deles, nossas mortes", "O que é pior, a escola ou o trabalho?".

Para Gérard, de 55 anos e arquiteto, esta manifestação simbólica surge com "a esperança de melhorar a vida de todos os que ganham a vida somente pelo salário", já que é necessário "reconhecer que o trabalho deve ser bem remunerado".

O arquiteto, que participa "em todas as manifestações do 1.º de Maio há muitos anos", acredita que a situação do país "é uma catástrofe que já dura há muito tempo".

"Temos apenas o direito de manifestação ou de votar, mas quando votamos nunca temos o candidato que queremos. Então, nós manifestamo-nos mesmo que, efetivamente, os resultados sejam muito baixos", acrescentou.

Segundo Jade, de 23 anos, trabalhadora-estudante, a situação francesa é "caótica". Por essa razão, se vê tantos jovens na rua para lutar pelas causas sociais.

"Para defender o direito dos trabalhadores, e para lutar contra todas as medidas sociais que foram tomadas, como a vontade de suprir os dias de férias", disse a jovem trabalhadora-estudante.

Já para Blanche, de 20 anos e estudante, os jovens "não estão tanto envolvidos nas lutas sociais", embora a população em Paris seja "bastante específica, bastante confortável financeiramente e também mais jovem do que o resto da França, mais educada do que o resto da França".

"Há uma tendência a dividir os trabalhadores e as classes populares, que têm menos tendência a lutar unidas", afirmou o seu colega Romain, de 23 anos, referindo o aumento do racismo na sociedade.

"Estamos aqui hoje para defender os direitos dos trabalhadores e para a paz social. E para evitar enriquecer sempre as mesmas pessoas que são as mais ricas na França e que enganam a maioria do povo", disse a estudante Merivan, de 21 anos.

Segundo Rachel, de 21 anos, esta ação "inscreve-se num legado que é muito importante, realizado há séculos e que é bom reafirmar cada ano que os problemas continuam sempre cá".

A polícia, presente em grande número na zona para impedir grandes desacatos, revistou todas as pessoas que queriam entrar no perímetro da manifestação, incluindo à saída das estações de metro.

Pelo menos oito pessoas foram detidas antes da manifestação de Paris por posse de armas proibidas, participação num grupo com o objetivo de cometer violência ou danos e posse de estupefacientes, segundo a Polícia, na rede social X.

Durante a manifestação, o Partido Socialista (PS) foi insultado e atacado, tendo ficado com a bancada destruída até à chegada da polícia, de acordo com a eurodeputada e porta-voz do partido, Chloé Ridel, que estava presente e defendeu que não se deixarão "intimidar" na rede social X.

Leia Também: 1.º de Maio. Zonas de Istambul fechadas para impedir acesso à Taksim

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