"Temos de reconhecer a ameaça que a China representa para os nossos países, para os nossos povos e para a paz nesta região (...). Não queremos uma guerra com a China (...). Não a queremos de forma alguma. No entanto, juntos devemos evitar a guerra através de uma dissuasão robusta e vigorosa face às ameaças da China neste hemisfério", declarou Hegseth.
No discurso de abertura da Conferência de Segurança da América Central (Centsec), o chefe do Pentágono (Departamento de Defesa) argumentou que "as empresas chinesas estão a capturar terras, terrenos, infraestruturas críticas em setores estratégicos, como a energia e as telecomunicações".
Afirmou que as "forças militares" chinesas "estão presentes no hemisfério ocidental", que as "frotas de pesca industrial" chinesas "estão a roubar alimentos" na região e que "sem dúvida" Pequim "está a investir nas suas operações nesta região para obter vantagens militares e ganhos económicos injustos".
O responsável da Defesa dos Estados Unidos (EUA) afirmou "que o Canal do Panamá e as zonas do canal não podem e não serão controladas pela China", uma declaração que coincide com o discurso recorrente do Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre a influência da China na via marítima, que tem sido rejeitada pelo Governo panamiano e também por Pequim.
"Estamos a trabalhar em estreita colaboração com os nossos parceiros no Panamá para proteger o Canal. Trabalharemos com todos ao longo do caminho", disse o governante norte-americano.
Hegseth reconheceu "a liderança inabalável e a soberania do Panamá sobre o Canal e as áreas adjacentes", numa declaração conjunta divulgada na terça-feira pelo Governo panamiano, que também reafirmou a decisão do país centro-americano de abandonar a iniciativa chinesa "Uma Faixa, Uma Rota".
Pequim já reagiu hoje aos "ataques maliciosos" do secretário da Defesa norte-americano.
"Altos funcionários norte-americanos atacaram maliciosamente a China, denegrindo e prejudicando a cooperação China-Panamá, e mais uma vez revelando a natureza brutal dos Estados Unidos", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, numa conferência de imprensa regular.
Os Estados Unidos, que construíram o canal e o abriram em 1914, cederam o controlo ao Panamá em 1999. Mas o Presidente Trump ameaçou retomá-lo, sem excluir o uso da força, com o argumento de que é controlado por Pequim.
"A China nunca participou na gestão ou no funcionamento do Canal do Panamá e nunca interferiu nos assuntos desta via fluvial", reagiu também a embaixada chinesa no Panamá num comunicado, instando os Estados Unidos a pararem com a sua "chantagem" e "pilhagem" do pequeno país centro-americano.
Os Estados Unidos e a China são os dois principais utilizadores do canal, através do qual passa 5% do comércio marítimo mundial.
O litígio diz respeito à exploração pela gigante de Hong Kong CK Hutchison de dois portos do Canal do Panamá, Balboa (do lado do Pacífico) e Cristobal (do lado do Atlântico).
A CK Hutchison chegou recentemente a um acordo de princípio para vender os dois portos que controla a um consórcio norte-americano, mas uma investigação em curso por parte da entidade reguladora do mercado chinês impediu a conclusão do negócio.
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