De acordo com a organização, 536 dos acusados foram processados, 359 dos quais em 2024, enquanto os restantes continuam sob investigação.
Estas acusações visam quem transfira dinheiro para o exército ucraniano, partilhe informações sobre instalações militares ou condene publicamente a campanha militar russa na Ucrânia, nomeadamente os alegados crimes de guerra cometidos pela Rússia durante o conflito.
"Durante a guerra, não houve uma única absolvição ao abrigo destes artigos" do código penal russo, sublinhou a organização, referindo-se aos artigos sobre alta traição, colaboração com uma potência estrangeira e espionagem.
Desde 1991, foram processadas pelo menos mil pessoas, ainda que o departamento judicial do Supremo Tribunal não comunique todos os casos.
Segundo o departamento judicial do Supremo Tribunal, nove prisioneiros morreram enquanto cumpriam pena e sete pessoas morreram em prisão preventiva antes de serem julgadas.
Desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022, milhares de pessoas foram punidas, ameaçadas ou presas devido à sua oposição real ou suposta ao conflito.
Desde 2022, as autoridades russas aumentaram o número de detenções por espionagem, traição, sabotagem, extremismo ou simples críticas ao exército, resultando frequentemente em penas de prisão muito pesadas.
Ksenia Karelina, uma cidadã russo-americana, foi condenada a doze anos de prisão em agosto após ter doado 50 euros à organização não-governamental Razom, que presta assistência material à Ucrânia.
O jornalista anglo-russo e político da oposição, Vladimir Kara-Murza, foi inicialmente condenado a 25 anos de prisão, mas foi libertado a 01 de agosto numa troca de prisioneiros, depois de ter cumprido cerca de dois anos de uma pena de 25 anos por se ter oposto à invasão russa da Ucrânia.
O jornalista norte-americano Evan Gershkovich foi condenado a 16 anos de prisão por espionagem, mas também foi trocado, juntamente com outros 16 prisioneiros norte-americanos, alemães e dissidentes russos que cumprem penas em prisões da Rússia e da Bielorrússia.
Os Estados Unidos e a oposição russa acusam o Kremlin (presidência russa) de fazer reféns os prisioneiros estrangeiros e políticos para serem trocados por cidadãos russos que cumprem penas em prisões ocidentais.
A Rússia invadiu a Ucrânia com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.
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