Investigador sírio em Portugal preocupado com transição do regime Assad

O investigador sírio Bassem Mouhammad, baseado em Portugal, afirma que a queda do "trágico" regime de Bashar al-Assad trouxe "esperança" à população, mas confessa estar preocupado com a possbilidade de novas crises no processo de transição.

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© Hakan Akgun/Anadolu via Getty Images

Lusa
09/12/2024 18:35 ‧ 09/12/2024 por Lusa

Mundo

Síria

"Estive no Iraque e na Síria e tenho alguma experiência sobre a forma como a resolução de conflitos pode, a dada altura, dar origem a mais conflitos na região. Podemos olhar para a experiência iraquiana a esse respeito. A minha preocupação é que isto volte a acontecer", disse Bassem Mouhammad à Lusa, que esteve no Iraque integrado numa missão das Nações Unidas.

 

"Acredito que num futuro próximo iremos enfrentar os mesmos problemas do que em 2015 e 2016. Espero que isso não aconteça no futuro, mas acho que é o que vai acontecer", reiterou o investigador do Instituto Superior de Agronomia.

Para Mouhammad, embora haja um enfoque na queda do regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, que descreveu como "trágico" para o seu país, deveria agora haver uma reflexão sobre "como trazer a paz à Síria".

O investigador manifestou também preocupação com os responsáveis pelo derrube do regime, sublinhando que, apesar de afirmarem que vão "proteger as pessoas e respeitar as diferenças (...) as palavras não podem garantir o futuro próximo do povo sírio". "E essa é a minha preocupação", sublinha.

Por outro lado, Mouhammad relata uma visão mais positiva da mudança pela família, parte da qual vive em Tartus, uma cidade costeira no norte da Síria a cerca de 160 quilómetros da capital, e outra em Damasco.

"A minha família está no terreno, sente que as condições estão a melhorar e, por vezes, a mudança dá esperança às pessoas", afirma.

Apesar de estar "feliz por estar tudo bem" com a sua família, acredita que dentro de seis meses a um ano, a situação no país "vai mudar".

"A situação na Síria ainda não é clara. Penso que em Damasco e em Tartus a situação de segurança está a melhorar. Pelo menos a minha família tem uma forma de comunicar através da Internet, o que tem sido uma grande preocupação para nós nos últimos dias", disse.

No entanto, embora a segurança no país tenha melhorado, Mouhammad afirma que a sua família tem enfrentado dificuldades em encontrar bens essenciais.

"Estão a ter dificuldade em encontrar gasolina. Não há gasolina, por isso não se podem deslocar de um sítio para outro. Têm medo de se deslocar e, em muitos sítios, a maioria das lojas estão fechadas", reiterou.

Mouhammad afirmou que a sua preocupação é agora garantir a segurança da sua família e que está a tentar retirá-la do país.

"Os meus sobrinhos nasceram durante a guerra e não quero que cresçam num lugar onde existam estes riscos", concluiu.

Depois de uma ofensiva relâmpago iniciada pela oposição ao regime, os rebeldes declararam este fim de semana a capital da Síria, Damasco, livre de Bashar al-Assad, que esteve 24 anos no poder.

A ofensiva foi realizada em menos de duas semanas por uma coligação liderada pelo grupo islâmico Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia.

A HTS, herdeira da Frente al-Nusra, uma antiga filial da Al-Qaida na Síria, é uma organização política e paramilitar 'jihadista', de orientação sunita, considerada terrorista por países como os Estados Unidos, o Reino Unido, o Canadá, e também pela União Europeia.

Apesar de se congratularem com a queda do poder, vários países instaram os sírios a evitar a armadilha do extremismo.

Leia Também: Reino Unido suspende decisões sobre pedidos de asilo de sírios

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