Tribunal russo decreta detenção de jornalista da CNN por reportagem em Kursk
Um tribunal russo determinou hoje a detenção de um jornalista da estação norte-americana CNN, atualmente fora da Rússia, acusado de ter atravessado ilegalmente a fronteira da Ucrânia para realizar reportagens na região russa de Kursk, ocupada pelas forças ucranianas.
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Mundo Ucrânia
Nas últimas semanas, a Rússia intensificou as investigações contra cerca de dez jornalistas estrangeiros acusados de terem entrado na Rússia durante o avanço do Exército ucraniano nesta região russa, em agosto.
Um tribunal desta região exigiu hoje a detenção, na sua ausência, do jornalista da CNN Nick Paton Walsh, cujo nome foi colocado na "lista de procurados", noticiou a agência France-Presse (AFP).
É acusado de ter "cruzado ilegalmente a fronteira" ao lado de soldados ucranianos para a pequena cidade de Sudja, ocupada pelas forças de Kiev na região russa de Kursk.
Na segunda-feira, a justiça russa já tinha determinado as mesmas medidas à revelia contra dois jornalistas italianos da rádio e televisão pública RAI, também acusados de terem entrado ilegalmente na Rússia nas mesmas circunstâncias.
De acordo com o código penal russo, esta acusação é punível com até cinco anos de prisão.
As forças ucranianas atacaram a região de Kursk em 06 de agosto, apreendendo, segundo Kiev, várias dezenas de localidades e quase mil quilómetros quadrados durante uma ofensiva que surpreendeu o Exército russo.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.
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