O presidente do Brasil, Lula da Silva, está a ser fortemente criticado por um comentário que teceu quando falava sobre a violência contra mulheres.
Citando, na terça-feira, durante uma reunião no Palácio do Planalto, um estudo que mostrava que, alegadamente, há um aumento nos casos de violência contra mulheres após o fim de jogos de futebol, Lula começou por dizer que o dado era "inacreditável".
Depois, porém, rematou: "Se o cara é corintiano [adepto do Corinthians], como eu, tudo bem, mas eu não fico nervoso quando perco".
A principal crítica veio do braço brasileiro da Amnistia Internacional. "Além de não ter graça, o comentário de Lula normaliza uma tragédia brasileira que deveria preocupar todo o mundo, principalmente o presidente: pelo menos 10,6 mil mulheres foram vítimas de feminicídio desde 2015, quando a lei tipificou o crime", escreveu a organização no X (antigo Twitter), na quarta-feira.
#BolaFora O presidente Lula soube que tem pesquisa mostrando o aumento da violência contra a mulher em dias de partida de futebol. "Se o cara é corintiano, tudo bem", disse em tom de piada. pic.twitter.com/7rwTkI0NwN
— Anistia Internacional Brasil (@anistiabrasil) July 17, 2024
A própria secretária Nacional de Mulheres do Partido dos Trabalhadores (PT) - o partido de Lula da Silva -, Anne Moura, disse, em entrevista à Folha de S. Paulo, que o presidente brasileiro foi "infeliz" ao "tentar descontrair em meio a um tema tão delicado". A declaração foi "distorcida", argumentou, porém.
Este sábado, Lula tentou redimir-se do comentário e prometeu fazer "uma guerra" contra a violência contra a mulher, que "tem aumentado muito".
"Um homem que é homem, um homem que tem fé em Deus, que é fraterno, não pode nunca levantar a mão para agredir uma mulher", complementou, durante conferência do PT em São Bernardo do Campo.
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