"Rapariga violada em Igualada", pesquisou o violador, três dias depois do crime.
Brian Raimundo Céspedes pesquisou estas quatro palavras no Google três dias após a brutal agressão sexual a uma rapariga de 16 anos, que ficou entre a vida e a morte.
O El Mundo acompanhou o terceiro dia do julgamento deste homem em Barcelona, Espanha, e revela um pouco mais sobre o que o arguido fez nessa noite e nos dias seguintes a 31 de outubro de 2021. O suspeito, que deverá testemunhar amanhã, enfrenta uma pena de 45 anos de prisão.
Esta quarta-feira foram revelados mais pormenores que apontam "com toda a certeza" - nas palavras de um dos agentes envolvidos no caso - para Brian Raimundo C., de 24 anos. No seu telemóvel, os Mossos encontraram duas capturas de ecrã "muito relevantes" do Google Maps, que o arguido terá tirado "involuntariamente": a primeira, às 06h40, na Avinguda Europa, em Igualada, "a 120 metros" - dois minutos a pé - do local onde o camionista encontrou a vítima; e a segunda, às 06h47, um pouco mais à frente, numa rotunda.
De acordo com o que o agente da polícia disse ao tribunal, o arguido procurou na Internet informações com as palavras "violação em Igualada" e "rapariga violada em Igualada" no dia 4 de novembro. Ao longo do mesmo dia, consultou duas notícias sobre a investigação do caso.
Um outro agente da polícia, que testemunhou hoje, explicou que, durante a busca policial à casa do arguido, foram encontradas as roupas usadas pelo suspeito durante a violação, incluindo o casaco com vestígios de ADN da vítima.
De acordo com a acusação do Ministério Público, Brian Raimundo C. M. seguiu a menor pelas ruas de Igualada depois de sair da discoteca Épic, na madrugada de 1 de novembro, e atacou-a "de surpresa".
"Eram 6h14" quando o arguido, que seguia a vítima, correu em direção a ela "até a apanhar", explicou ontem um dos agentes que participou na investigação e que visionou as câmaras de segurança nas imediações da zona onde os factos ocorreram. O arguido levou-a depois para uma "zona solitária e sem testemunhas, mal iluminada" para a violar sexualmente.
Ao longo de 23 minutos, o arguido bateu-lhe em várias partes do corpo, segurando-a com força, e penetrou-a "brutalmente" por via anal e vaginal, demonstrando assim o "desprezo absoluto pela sua condição de mulher", acusa o Ministério Público.
Após a violação selvagem, o arguido deu à vítima um "forte golpe na cabeça com um objeto contundente" - uma barra de ferro, que utilizou durante a agressão - com "a intenção de atentar contra a sua vida", deixou-a abandonada e fugiu do beco, onde um camionista a encontrou e lhe salvou a vida, chamando os serviços de emergência.
"Encontrámo-la com duas poças de sangue, uma na cabeça e outra na zona pélvica", revelou outro agente.
O arguido já tinha uma condenação de quando tinha 15 anos (em 2016) por tentativa de violação da sua meia-irmã, de apenas sete anos. Foi a mãe da criança quem o denunciou.
O Tribunal de Menores de Girona condenou-o a um ano de internamento. No entanto, a pena foi suspensa na condição de cumprir a liberdade condicional, seguir um tratamento psiquiátrico e frequentar uma desintoxicação.
Para além da pena de 45 anos de prisão, o Ministério Público pede uma indemnização à vítima de 260.000 euros e 10 anos de liberdade condicional quando sair da prisão. Mais ainda, pede também a sua expulsão imediata de Espanha quando for libertado, uma vez que é de origem boliviana. O arguido, de 24 anos, está na prisão desde a sua detenção em abril de 2022.
Leia Também: Homem é detido por tentativa de homicídio em dezembro no Porto